Depois de dois anos em jejum, sem escrever neste blog, resolvi retornar à ativa. E o tema (re)inaugural é um assunto que curto muito: cavaletes de instrumentos de cordas friccionadas.
Neste texto, vamos explicar (passo a passo) todos os cuidados para que a vida útil dessa importante peça seja expandida. E isso depende basicamente de um quesito: a boa vontade, conhecimento e, principalmente, paciência por parte do músico. Considerando isso, podemos dizer sem pestanejar que a durabilidade de um cavalete pode variar de poucos meses até alguns anos.
Mas, antes dos ensinamentos, vamos entender um pouco mais sobre o funcionamento desta nobre peça. Como já foi explicado em outro texto publicado nesse blog, o cavalete não serve apenas para sustentar as cordas, mas tem, também, a importante missão de transferir a energia das vibrações das cordas para o tampo, seguindo para a alma e barra harmônica. E isso justifica a importância de o cavalete estar sempre muito bem posicionado e ajustado. Porém, por mais que ele esteja com tudo em dia, sua vibração natural e a tensão das cordas podem fazer com que sua parte superior sofra torções ou empenamento.
A vibração natural, no entanto, é o único vilão. O simples ato de afinar também pode contribuir com a deformação do cavalete, principalmente no caso dos violinos e violas. Isso porque ao subir a afinação pelas cravelhas, as cordas tendem a puxar a parte superior do cavalete em direção ao espelho. Esse movimento, além de poder entortar a peça, pode alterar o seu ângulo em relação ao tampo, fazendo com que os pés do cavalete exerçam pressão em pontos irregulares. E isso certamente acarretará na deformação do tampo do instrumento. E o pior: com o tempo, a pressão mal distribuída, aliada a uma alma mal ajustada (ou desajustada), pode provocar trincas no tampo do instrumento.
Agora que já discorremos um pouco sobre as nocividades de um cavalete mal posicionado/ajustado, vamos aos ensinamentos práticos!
MÃOS NA MASSA – OU MELHOR, NO CAVALETE
O primeiro passo é observar aonde está posicionado o cavalete.
O local adequado é entre as marcações centrais dos “efes” (também conhecidos como ouvidos). Note que a linha superior do cavalete (aonde as cordas estão assentadas) deve estar alinhada com a marcação inferior dos “efes” (foto ao lado).
O centro do coração deve estar alinhado com a divisória das duas peças de abeto do tampo e, consequentemente (se o instrumento tiver uma boa construção) com o centro do espelho.
Após posicionamento devemos apertar um pouco as cordas e pegar (com os dedos em forma de pinça) a cintura do cavalete. Delicadamente, devemos pressionar ele contra o tampo, de forma que a sola de seus pés fiquem totalmente acomodadas ao tampo.
Feito isso, vamos nos atentar ao ângulo do cavalete. Isso, porém, depende muito mais da qualidade técnica do ajuste realizado pelo luthier do que pela vontade do músico em posicionar a peça corretamente.
Se a peça tiver sido bem ajustado, sua parte traseira (que é voltada ao estandarte) deverá ter um ângulo de 88º a 90º em relação ao tampo. E, consequentemente, a parte frontal (voltada ao espelho) deverá ser levemente inclinada com um ângulo mais aberto.
Caso esteja fora desse padrão, não force a peça na intenção de obter essa inclinação (de 88º a 90º em relação ao tampo). Esse procedimento errôneo contribuirá para a má distribuição de tensão sobre o tampo, prejudicando sua estrutura, vibração e, portanto, timbre do instrumento.
O segundo passo consiste em afinar as cordas.
Sempre afine uma de cada vez, começando seguindo a seguinte ordem: Sol, Lá, Ré e Mi. Dessa maneira, as cordas puxarão o braço de uma forma mais equilibrada, evitando torções causadas pela tensão. Afine uma de cada vez e, antes de passar para a corda seguinte, confira se todas as demais (que já foram afinadas) estão com a afinação correta. Caso não esteja, corrija a afinação antes de passar para a próxima corda. Esse cuidado evitará o rompimento da corda Mi durante o processo.
A pós afinar cada corda, averigue se o cavalete está inclinando sentido ao espelho. Para isso, observe se a parte traseira dos pés estão levemente levantadas. Se tiver, pela cintura, pressione o cavalete contra o tampo de forma que os pés voltem a ficar totalmente encostados ao tampo. Importante: sempre que for segurar a cintura do cavalete, tome cuidado como seu quadril. São extremamente frágeis e praticamente "imploram" para serem quebrados!
O terceiro – e último - passo incide sobre analisar a linha superior. Ao observá-la por cima, ela deve estar reta. Se tiver em forma de “S” ou deformada, estabilize o cavalete apoiando os dedos polegares na cintura. Com os indicadores, corrija a linha superior.
E pronto! Com esses cuidados, seu cavalete terá uma vida mais longa e próspera, preservando tanto a estrutura do instrumento quanto à qualidade de seu timbre!
(Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)
Neste texto, vamos explicar (passo a passo) todos os cuidados para que a vida útil dessa importante peça seja expandida. E isso depende basicamente de um quesito: a boa vontade, conhecimento e, principalmente, paciência por parte do músico. Considerando isso, podemos dizer sem pestanejar que a durabilidade de um cavalete pode variar de poucos meses até alguns anos.
Mas, antes dos ensinamentos, vamos entender um pouco mais sobre o funcionamento desta nobre peça. Como já foi explicado em outro texto publicado nesse blog, o cavalete não serve apenas para sustentar as cordas, mas tem, também, a importante missão de transferir a energia das vibrações das cordas para o tampo, seguindo para a alma e barra harmônica. E isso justifica a importância de o cavalete estar sempre muito bem posicionado e ajustado. Porém, por mais que ele esteja com tudo em dia, sua vibração natural e a tensão das cordas podem fazer com que sua parte superior sofra torções ou empenamento.
A vibração natural, no entanto, é o único vilão. O simples ato de afinar também pode contribuir com a deformação do cavalete, principalmente no caso dos violinos e violas. Isso porque ao subir a afinação pelas cravelhas, as cordas tendem a puxar a parte superior do cavalete em direção ao espelho. Esse movimento, além de poder entortar a peça, pode alterar o seu ângulo em relação ao tampo, fazendo com que os pés do cavalete exerçam pressão em pontos irregulares. E isso certamente acarretará na deformação do tampo do instrumento. E o pior: com o tempo, a pressão mal distribuída, aliada a uma alma mal ajustada (ou desajustada), pode provocar trincas no tampo do instrumento.
Agora que já discorremos um pouco sobre as nocividades de um cavalete mal posicionado/ajustado, vamos aos ensinamentos práticos!
MÃOS NA MASSA – OU MELHOR, NO CAVALETE
O primeiro passo é observar aonde está posicionado o cavalete.
O local adequado é entre as marcações centrais dos “efes” (também conhecidos como ouvidos). Note que a linha superior do cavalete (aonde as cordas estão assentadas) deve estar alinhada com a marcação inferior dos “efes” (foto ao lado).
O centro do coração deve estar alinhado com a divisória das duas peças de abeto do tampo e, consequentemente (se o instrumento tiver uma boa construção) com o centro do espelho.
Após posicionamento devemos apertar um pouco as cordas e pegar (com os dedos em forma de pinça) a cintura do cavalete. Delicadamente, devemos pressionar ele contra o tampo, de forma que a sola de seus pés fiquem totalmente acomodadas ao tampo.
Feito isso, vamos nos atentar ao ângulo do cavalete. Isso, porém, depende muito mais da qualidade técnica do ajuste realizado pelo luthier do que pela vontade do músico em posicionar a peça corretamente.
Se a peça tiver sido bem ajustado, sua parte traseira (que é voltada ao estandarte) deverá ter um ângulo de 88º a 90º em relação ao tampo. E, consequentemente, a parte frontal (voltada ao espelho) deverá ser levemente inclinada com um ângulo mais aberto.
Caso esteja fora desse padrão, não force a peça na intenção de obter essa inclinação (de 88º a 90º em relação ao tampo). Esse procedimento errôneo contribuirá para a má distribuição de tensão sobre o tampo, prejudicando sua estrutura, vibração e, portanto, timbre do instrumento.
O segundo passo consiste em afinar as cordas.
Sempre afine uma de cada vez, começando seguindo a seguinte ordem: Sol, Lá, Ré e Mi. Dessa maneira, as cordas puxarão o braço de uma forma mais equilibrada, evitando torções causadas pela tensão. Afine uma de cada vez e, antes de passar para a corda seguinte, confira se todas as demais (que já foram afinadas) estão com a afinação correta. Caso não esteja, corrija a afinação antes de passar para a próxima corda. Esse cuidado evitará o rompimento da corda Mi durante o processo.
A pós afinar cada corda, averigue se o cavalete está inclinando sentido ao espelho. Para isso, observe se a parte traseira dos pés estão levemente levantadas. Se tiver, pela cintura, pressione o cavalete contra o tampo de forma que os pés voltem a ficar totalmente encostados ao tampo. Importante: sempre que for segurar a cintura do cavalete, tome cuidado como seu quadril. São extremamente frágeis e praticamente "imploram" para serem quebrados!
O terceiro – e último - passo incide sobre analisar a linha superior. Ao observá-la por cima, ela deve estar reta. Se tiver em forma de “S” ou deformada, estabilize o cavalete apoiando os dedos polegares na cintura. Com os indicadores, corrija a linha superior.
E pronto! Com esses cuidados, seu cavalete terá uma vida mais longa e próspera, preservando tanto a estrutura do instrumento quanto à qualidade de seu timbre!
(Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)