Muitas fábricas de instrumentos musicais, para economizarem em material e mão-de-obra, utilizam compensado – e até aglomerado – no lugar da madeira maciça. Essa prática, porém, não é apenas uma tática adotada por empresas de instrumentos de baixo e médio nível.
Nos últimos anos algumas das marcas mais famosas do planeta tem fabricado guitarras semi-acústicas e violões de compensado. Portanto, a promessa de que empresas renomadas são garantia de qualidade nem sempre é real - já que elas abusam de sua tradição. É como aquele velho ditado: “Quem tem fama, deita na cama”. Entretanto, fazem isso ferindo o bolso de centenas de consumidores desatentos, todos os dias.
Só para ilustrar o fato, basta dizer que um cliente do grande mestre da luthieria Eduardo Ladessa comprou uma desses instrumentos de compensado por nada menos do que (pasmem) R$7.000,00! Quando o Edu, com muito jeito, falou que sua guitarra não era de madeira maciça, o cliente pensou e logo respondeu: “Tudo bem... é compensado de maple”. No mínimo ele estava desapontado, mas tentando se convencer de que o fato de ser de maple mudaria em algo.
Diante desta realidade, fica a pergunta: como os músicos devem se proteger deste engodo que deprecia – e muito - a qualidade do som no que diz respeito à questão acústica?
O primeiro passo é saber diferenciar um instrumento acústico feito com peças maciças e outro de compensado. Mas, antes, precisamos conhecer as características de ambas.
O tampo superior dos violões e guitarras semi-acústicas de compensado é feito, geralmente, com três folhas de madeira prensadas e coladas uma sob as outras.
A primeira reveste a peça, por isso são usadas madeiras como spruce ou abeto, por sua beleza. A segunda e terceira folhas geralmente são maple ou araucária. Tratam-se de madeiras mais econômicas de fáceis de serem trabalhadas.
O problema deste sistema de construção é que essas três peças são dispostas, uma às outras, de forma perpendicular, fazendo com que o tampo ganhe resistência e perca parte do seu potencial vibratório: e o resultado disso é a queda na qualidade sonora do instrumento.
Para diagnosticar e distinguir o tipo de construção, a alternativa mais simples é analisar com atenção a boca do instrumento.
Para facilitar, siga o passo a passo abaixo:
Pegue um instrumento acústico
Se for violão, veja se os veios da madeira do tampo seguem seu rumo até a curva da boca. Se isso ocorrer é porque o tampo é maciço, ou seja, feito com uma única peça (foto acima).
Agora, se o tampo for fino demais e os veios terminarem retilíneos na boca do instrumento, é porque é feito em madeira compensada com cola - um material que muito interfere na acústica (foto acima).
No caso das laterais do corpo, se o violão for elétrico, remova o pré-amplificador e veja se o corpo é de compensado.
Se for guitarra, violino, violoncelo, viola ou contrabaixo acústico, veja se o “F” do tampo superior possui peças coladas no sentido de sua espessura. Se houver, é porque o instrumento é de compensado.
Portanto, fica a dica: antes de julgar a qualidade dos instrumentos pela sua marca ou beleza, confira a forma como foi construído, e, se ainda tiver dúvida na hora da compra, consulte, antes, um luthier de sua confiança (que, de preferência, tenha boa formação técnica e não possua vínculos com a loja em que você pretende comprar o instrumento).
No caso das laterais do corpo, se o violão for elétrico, remova o pré-amplificador e veja se o corpo é de compensado.
Se for guitarra, violino, violoncelo, viola ou contrabaixo acústico, veja se o “F” do tampo superior possui peças coladas no sentido de sua espessura. Se houver, é porque o instrumento é de compensado.
Portanto, fica a dica: antes de julgar a qualidade dos instrumentos pela sua marca ou beleza, confira a forma como foi construído, e, se ainda tiver dúvida na hora da compra, consulte, antes, um luthier de sua confiança (que, de preferência, tenha boa formação técnica e não possua vínculos com a loja em que você pretende comprar o instrumento).
Abraços
Vitor Gomes
Vitor Gomes