terça-feira, 20 de janeiro de 2015

OS VERNIZES E SUAS CARACTERÍSTICAS

Embora existam controversas, muitos estudiosos acreditam que o segredo dos instrumentos Stradvarius está em seu verniz. Opiniões à parte, o fato é que o acabamento tem uma grande importância no resultado final do timbre dos instrumentos de coras, principalmente os acústicos.
Neste texto abordaremos sobre os três principais tipos de vernizes utilizados tanto por fábricas quanto por renomados luthiers. São eles: os industriais sintéticos (à base de poliuretano ou poliéster), o óleo e a goma-laca (no Brasil as mais utilizadas são a nacional e a indiana).


SINTÉTICOS

Esse tipo de verniz é geralmente feito a base de poliuretano ou poliéster (ambos derivados do petróleo). São muito utilizados por instrumentos industrializados. O motivo é a facilidade de preparo e aplicação. Esses vernizes são os menos indicados pelo fato de eles diminuírem a potencialidade vibracional dos instrumentos, deixando o timbre mais fechado.

Bastante resistente, o poliuretano também é utilizado em pintura automotiva. Portanto, não é errado dizer que instrumentos que recebem esse tipo de acabamento podem ser limpados com cera automotiva. Porém, cuidado! Certifique-se de que o verniz é realmente a base de poliuretano ou poliéster. Caso contrário, o acabamento e a sonoridade do instrumento poderão ser comprometidos.

Por mais que o verniz seja sintético, é sempre importante ter muito critério ao limpá-lo. Já ouvi relatos de uma amiga violinista - e das boas - que percebeu uma alteração no timbre de seu instrumento (cujo verniz é à base de PU), após aplicar cera automotiva. Para evitar eventualidades como essa, a dica é aplicar o minimo de cera possível. Uma fina película é mais do que suficiente para remover o breu e gordura do instrumento.

Outra dica é comprar uma cera com baixo teor de solvente. Lembre-se que esse produto é abrasivo e muitas aplicações seguidas podem prejudicar até mesmo os vernizes sintéticos. 


À BASE DE ÁLCOOL

Há uma infinidade de receitas de vernizes à base de álcool, também conhecidos como "espíritos". Muitas incluem diversos tipos de plantas, resinas, âmbar e até minérios.
No Brasil os mais populares são a goma-laca indiana e a resina da pinho do pará, também conhecida como goma-laca nacional. Esse tipo de verniz, bastante utilizado por luthiers, permite a respiração da madeira, além de proporcionar um belo acabamento.

Porém, os vernizes à base de álcool requerem cuidados especiais, pois são delicados e podem facilmente sofrer com variações climáticas. Em locais muito úmidos e com alto teor de salubridade, como Santos e região, é sempre importante conferir se o instrumento não apresenta marcas de bolor ou, mesmo, mofo.

Esse tipo de verniz não deve ser mantido com ceras industriais. O ideal é que seja limpo apenas a seco. No máximo pode-se utilizar um algodão com poucas gotas de óleo de amêndoas ou de nozes.


ÓLEO

Os vernizes à base de óleo estão entre os mais indicados e utilizados por luthiers. Eles garantem um belo acabamento, bastante brilhante e que revela toda a beleza da madeira. O óleo não é utilizado por violinos industrializados pelor causa da demora de secagem e pelo seu processo de aplicação ser artesanal. 

Assim como a goma laca, esse tipo de verniz permite uma boa vibração do instrumento, garantindo um timbre aberto. A vantagem é que ele é mais resistente às intempéries do que os vernizes à base de álcool. 
Pode ser higienizado a seco ou com óleos específicos. 

(Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)