domingo, 25 de novembro de 2012

É HORA DE TROCAR AS CORDAS

Preguiça e economia são os principais motivos que fazem os músicos adiarem a troca de cordas de seu instrumento. Porém, a sensação de economizar ao estender o tempo da troca de cordas pode acarretar prejuízos futuros.


Não é novidade para nenhum músico da Região Metropolitana da Baixada Santista que jogos de cordas internacionalmente conhecidas (como, por exemplo, a D’addario XP e a Ernie Ball) costumam apresentar sinais de ferrugem em duas semanas de uso. 

Mesmo assim, não é difícil encontrar músicos que mantém as mesmas cordas por seis meses ou mais.


Mas, afinal, quais os males que um simples jogo de cordas enferrujadas pode ocasionar ao instrumento?


São muitos, a começar pelos trastes. Por estarem enferrujadas, as cordas velhas, ao serem pressionadas e tensionadas em técnicas como os bends, exercem mais atrito do que as cordas novas. E repletas de micro texturas da ferrugem, as cordas  com vários meses de uso desgastam os trastes mais rapidamente, deformado-os em um período muito mais curto do que se as cordas fossem trocadas mensalmente.


Conclusão: quem não troca o encordoamento com freqüência, terá que fazer uma retífica de trastes em um período curdo ou, quiçá, substituir todos os trastes.


Outro problema comum é a corrosão das ferragens que por estarem em contato direto com as tarraxas e com a ponte, a chance de alastramento da ferrugem para essas peças é maior.

Mas não para por aí: a ferrugem das cordas, como se fosse uma praga, pode “contaminar” os pólos dos captadores e os parafusos que servem para controlar a altura dos carrinhos, de forma, às vezes, irreparável.

Por isso, não se deixe enganar. Adiar a troca das cordas não é uma forma de economizar, mas sim a receita certa para deteriorar peças importantes de qualquer instrumento de cordas.


O TEMPO DE VIDA DAS CORDAS


Depois desta orientação, certamente quem leu o texto acima deve estar se perguntado: mas qual é o tempo de vida útil de um jogo de cordas?

A durabilidade de cordas convencionais de guitarra, violão e cavaco (entre outros) pode variar muito. Em regiões litorâneas um jogo pode resistir sem prejudicar o instrumento por cerca de um mês, considerando que os cuidados do músico e a composição de seu suor podem estender ou reduzir esta estimativa empírica.

Já os encordoamentos convencionais de contrabaixo elétrico costumam durar um pouco mais, de três a quatro meses.

Portanto, fica mais do que claro, a importância não apenas de trocar as cordas regularmente, mas também de conservá-las em todos os aspectos: estético, funcional e no que diz respeito ao timbre, que só as cordas novas proporcionam.

Para saber como aumentar a vida útil de suas cordas clique AQUI.



CORDAS QUE DURAM MAIS


No mercado há alguns tipos de cordas que são feitas para durar. É o caso da Elixir e da D’addario ESP. Independentemente das tecnologias empregadas nestes encordoamentos, eles duram de três a quatro vezes mais do que as cordas convencionais. É uma boa opção para quem deseja economizar tempo e dinheiro.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

CUIDADOS COM A PINTURA

Qual músico caprichoso que não fica admirado com um instrumento cuja pintura (ou verniz) está impecável e reluzente?

 Mantê-la, porém, com um aspecto novo é sempre um grande desafio. E no afã de deixar seus instrumentos brilhantes e bem cuidados, muitos músicos acabam detonando a pintura.

 Afinal, esmero demasiado sem conhecimentos técnicos é algo que pode ser prejudicial para a estética de qualquer instrumento.

 Confira a seguir uma lista com os cuidados que se deve ter com os produtos e objetos utilizados para a conservação da pintura.

Flanela – “Todo músico que se preza leva consigo uma flanela”. Muito cuidado com esta frase! A flanela, com o tempo, tende a acumular resíduos de produtos químicos e poeira, que podem ocasionar pequenos riscos na pintura. Portanto, o recomendável é substituir o velho paninho por materiais descartáveis, como a estopa e o algodão que devem ser trocadas à cada aplicação.

Cera de automotiva – Vários luthiers recomendam. Porém, o uso excessivo da cera automotiva pode provocar a corrosão da pintura, pelo fato de o produto ser abrasivo. No dia-dia, utilize o lustra móveis, mas apenas em pintura (e verniz) a base de poliuretano e poliéster. A cada dois meses, utilize a cera automotiva, apenas para manutenção. Para saber como aplicar, clique aqui.

Anti-ferrugem – Muito usado nas ferragens (ponte e tarraxas), esses produtos não devem entrar em contato com a pintura, por serem abrasivos. Assim, o anti-ferrugem deve ser aplicado com muito cuidado para não escorrer no corpo ou braço do instrumento.

 Cinto – Evite deixar o cinto entrar em contato com a parte de traseira do instrumento, pois sua fivela poderá riscá-lo.

Correia e bag – Sempre que for guardar seu instrumento, remova a correia e guarde-a no bolso de sua bag. Caso contrário, o acessório poderá riscar a pintura. Ao fechar a bag, tome cuidado para que o zíper não danifique a lateral do instrumento.

Falta de limpeza – O acúmulo de poeira também pode contribuir com a perda da qualidade da pintura, além de poder provocar alguns micro-riscos.
 (Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)

domingo, 29 de julho de 2012

DICAS PÓS-REGULAGEM


Qual músico nunca se perguntou o que deve ser feito para que a regulagem de seu instrumento seja mantida por mais tempo?

Como sabemos, a maioria dos instrumentos de cordas são feitos com madeira, um material orgânico suscetível às alterações ocasionadas por mudanças climáticas e falta de cuidado.

Além do mais, são muitos os aspectos físicos que podem contribuir com a perda da regulagem.

 Por tanto, após a finalização deste serviço, é importante saber como proceder para que a regulagem dure por cerca de um ano.

Abaixo seguem algumas dicas.

- Nunca troque as cordas velhas por outras novas de tensão diferente. Ou seja, se a sua guitarra estiver com um jogo 0.10, jamais a substitua 0.09 ou 0.11. Isso comprometerá a ação do tensor e, conseqüentemente, a regulagem.

- Ao trocar as cordas, substitua-as uma de cada vez, sempre afinando todas as cordas.  Caso contrário, a ação do tensor forçará o braço para trás.  Clique aqui e veja mais detalhes.

- Evite mudar a afinação. Como sabemos, a regulagem envolve uma série de questões físicas. Portanto, alterar a afinação pode fazer com seu instrumento trasteje. No caso das guitarras com ponte flutuante, a situação é ainda pior: ela poderá ficar completamente desafinada, de forma que apenas uma nova regulagem solucionará o problema.

- Nunca deixe seu instrumento desafinado. Mantenha a afinação original da regulagem. Se for alterar a afinação, seja breve. Jamais altere a afinação de uma guitarra floyd rose.   

- Jamais transporte seu instrumento no porta-malas. Não o deixe por horas dentro de um carro. O calor e a umidade, além de prejudicar a regulagem podem fazer com que algumas partes do instrumento descolem.

- Mantenha seu instrumento sempre limpo. Para saber mais detalhes, clique aqui.

- Evite deixá-lo exposto à maresia.

- Sempre descanse seu instrumento em suportes apropriados ou dentro dos bags e estojos. Se for deixá-lo encostado na parede ou repousado na cama, mantenha a escala para baixo.



(Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

PARA EVITAR A CORROSÃO


Não é novidade para os músicos da Baixada Santista que os efeitos da maresia e do alto grau de umidade do litoral são devastadores para os instrumentos musicais, especialmente as guitarras, contrabaixos e violões elétricos.

No entanto, por mais que a salubridade corroa as cordas, ferragens e sistema elétrico, há diversas maneiras de driblar a destruição da água e do sal.

A seguir, algumas dicas para reduzir a ação ocasionada pela maresia.

CORDAS

Quem mora na Região Metropolitana da Baixada Santista sabe que a maioria das marcas de cordas de guitarra em apenas um mês de uso apresenta alto grau de corrosão, exceto a Elixir, que possui uma película protetora anti-corrosiva.

Nestes casos, a dica é limpar as cordas, a cada 10 ou 15 dias, com óleo de máquina ou WD40. O procedimento é o seguinte: pingue algumas gotas de óleo de máquina (ou WD40) em um chumaço de algodão; esfregue suavemente sob as cordas, mas atenção: “não deixe que o produto escorra pela escala”.

Esta técnica aumentará o tempo de vida das cordas, com exceção  da corda Elixir. Nela o procedimento é diferente, pois o óleo poderá corroer a película protetora, fazendo com que as cordas enferrujem com maior rapidez. Portanto esta marca, em especial, deve ser limpa somente com algodão seco.

SISTEMA ELÉTRICO

Uma constatação muitos violões elétricos tiveram pré-ativos pifados em menos de dois anos de uso – e em diversas vezes de forma irreversível. Para minimizar a oxidação ocasionada pela umidade, peça para seu luthier de confiança abrir a caixa do pré-ativo e colocar um sache de sílica gel, que deverá ser substituído a cada seis meses.

No caso das guitarras e contrabaixos, o processo é mais simples. Abra a tampa, prenda - cuidadosamente - um saquinho de sache entre a fiação do instrumento.

FERRAGENS

O tipo de tarraxas e pontes que mais sofrem com o clima tropical litorâneo são as douradas. Em pouco tempo elas oxidam e ganham tons esverdeados de zinabre.

A dica para essas peças (em especial as douradas) é evitar a aplicação de qualquer tipo de produto químico, pois podem ocasionar na remoção de sua tinta protetora. Para mantê-las, apenas limpe-as com algodão seco, sempre antes de guardar o instrumento.

LOCAL PARA GUARDAR
Evite deixar seu instrumento em lugares próximos às janelas e locais aonde são formadas correntes de ar, principalmente se a residência for próxima à praia ou canais santistas. Procure sempre deixar seu instrumento nas bolsas ou estojos especiais.

 (Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)

sábado, 19 de maio de 2012

TIPOS DE BRAÇOS: CONSTRUÇÃO

Após a publicação do texto “Checando a qualidade do braço”, vários internautas apresentaram dúvidas sobre a qualidade dos diferentes tipos de técnicas de construção de braços: o de peça única, o de faixas longarinas ou os feitos em duas peças (mão e braço colados).

Esta não é uma questão simples, pois há muitos critérios a serem analisados. Um deles é saber se a madeira está de fato seca, independentemente do tipo de construção do braço.

Esse ponto é fundamental. Isso porque se ela for recém cortada poderá ter alto teor de umidade, implicando em diversos problemas ao braço, como torções, retração, drásticas deformações etc.. Certamente comprometerão - e muito - o desempenho do instrumento.

O passo seguinte é verificar o tipo de construção do braço. Nesta questão, a grande "vedete" é, sem dúvida, o braço de uma única peça.

Embora muitos músicos, sem se aterem ao custo/benefício, defendam que este é o melhor tipo de construção, dentre os instrumentos industrializados (e muitos manufaturados, também), a melhor opção são os braços feitos com faixas longarinas coladas. Esse processo de construção (adotado pela Gibson e Tobias, por exemplo), por possuir três (ou mais) diferentes peças, cria maior resistência contra torções, já que uma peça compensa a outra.

Apesar de o custo ser geralmete mais alto, este tipo de braço proporciona, ainda, a possibilidade de misturar diferentes tipos de madeiras, com o objetivo de obter o timbre desejado, além de garantir melhor acomodação do tensor.

Portanto, optar entre a tradição do braço de uma única peça e as possibilidades e resistência das faixas longarinas é uma questão pessoal. No entanto, uma coisa é certa: para ter a garantia de um braço que ofereça o mínimo de segurança, evite os feitos em duas peças, em que a mão e o braço são peças distintas, porém coladas.

Este tipo de confecção é muito adotada pelos instrumentos de baixo e médio custo - geralmente fabricados em países orientais - e costumam dar sérios problemas, como a descolagem da mão do instrumento.

Assim, antes de adquirir um instrumento é extremamente importante analisar o tipo de braço e a madeira utilizados na fabricação.

segunda-feira, 26 de março de 2012

CHECANDO A QUALIDADE DO BRAÇO

Que atire a primeira pedra o músico que antes de comprar um instrumento avaliou com critério o braço da peça. Neste importante momento, muitos músicos passam horas a fio em lojas testando diferentes modelos e prestando atenção, especialmente, no timbre e estética.

Porém, a última coisa que analisam é o braço, que, infelizmente, nunca é avalizado com a devida importância. Afinal, muitos acreditam que ele não “interfere de forma significativa” no timbre, muito menos no visual, e, por isso, não vale a pena perder tempo com esses “detalhes”.

Esse, porém, é um erro comum cometido por diversos músicos, tanto amadores quanto profissionais. Isso porque desconhecem que um braço mal feito certamente comprometerá boa parcela do potencial do instrumento, independentemente de ser um Tonante ou um Fender americano.

Portanto, antes de fechar negócio, é fundamental sempre checar a madeira do braço, o funcionamento do tensor, a colocação dos trastes entre outros fatores que podem ser determinantes para a qualidade do instrumento.

Ao contrário do que muitos imaginam, não é preciso ser um expert no assunto para detectar pequenas falhas no braço de um instrumento, que, com o passar do tempo, podem se tornar uma verdadeira dor de cabeça.


VEIOS DO BRAÇO

O primeiro passo é analisar os veios do braço. Eles devem estar em linhas retas e paralelas. Caso a madeira apresente algum nó (veios ondulados ou espiralados), fique esperto e evite comprar o instrumento. Isso porque os instrumentos industriais são fabricados com madeiras recém cortadas, que passam por um forno especial para retirar a umidade da madeira.

O problema é que a qualidade deste tipo de secagem artificial não se compara à secagem natural ao longo de décadas. E pelo fato de a madeira de instrumentos industriais ser relativamente úmida, ela corre o risco de torcer, envergar, estufar ou retrair enquanto seca, o que pode comprometer - e muito - a potencialidade de regulagem do instrumento. 


O TENSOR

Outro cuidado importante que se deve tomar antes de comprar um instrumento, independentemente de sua marca, é atestar se o tensor está em perfeito funcionamento.
Caso o mecanismo da peça não esteja funcionando corretamente, nem mesmo o melhor luthier do mundo conseguirá fazer uma boa regulagem.

Se a loja oferecer serviço de luthieria, ótimo: peça que o instrumento seja regulado. Se depois disso ele ainda estiver desconfortável e com as cordas altas, não o compre, pois alguma coisa não está certa!

Caso a loja não ofereça serviço de luthieria, antes de expirar a garantia de três meses do produto, leve-o a um profissional de sua confiança, para que ele regule e ateste a sua qualidade e desempenho.


A ESCALA

É sempre importante analisar com critério a escala do instrumento. Com uma régua confira se ela tem entre dois a quatro milímetros de espessura. O importante é ter certeza que a escala possui a mesma medida do começo ao fim e dos dois lados. Se por um acaso ela tiver 4mm nas pontas e 3mm no centro, por exemplo, não compre o instrumento. Essa diferença milimétrica influenciará muito em seu desempenho.


PESTANA

O ideal é que a pestana e rastilho sejam de osso de canela de vaca, pois o plástico e o nylon com o uso sofrem desgastes e problemas mais sérios podem começar a surgir com freqüência. Porém, dificilmente encontrará pestanas de osso, pois até mesmo algumas marcas conceituadas infelizmente utilizam o plástico para confeccionar a peça.


TRASTES

Confira se nenhum deles está levantado ou mal encaixado. Se estiver, é um mal sinal e impróprio para ser adquirido.


TARRAXA

O importante é conferir se elas estão segurando a afinação.


(Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)

sábado, 3 de março de 2012

VIOLÕES: VALE A PENA CONSERTAR?

A pergunta que leva o título deste texto com certeza permeia a cabeça de diversos músicos, quando seu violão quebra. Afinal, as mega-indústrias de instrumentos de países como China, Coréia e Taiwan, ao mesmo tempo em que democratizaram a prática musical, entupiram o planeta com violões e violas de qualidade, no mínimo, duvidosa.

Duvidosa, sim, pois o baixo valor monetário destes produtos (em geral) tem um alto preço: pouca qualidade e curta durabilidade, em especial no caso dos violões.
Por esse motivo, quando um destes instrumentos quebra, não tem jeito, sempre fica a dúvida: "Será que vale a pena consertar?". E o único que pode responder este dilema é, de fato, o proprietário do instrumento.

Hoje podemos dizer que maioria dos instrumentos de origem asiática são, de certa forma, descartáveis, pois, quando quebram, raramente valem ser consertados. Isso porque são fabricados com madeiras compensadas, aglomeradas e até MDF. Além disso, são construídos sem critérios que respeitam a precisão das medidas que qualquer instrumento deve ter, o que pode reduzir e muito a sua qualidade.


Desta forma, muitos clientes julgam que o conserto pelo seu custo, mas se esquecem que, na verdade, o valor do instrumento é baixo.  Para ilustrar basta dizer que dificilmente alguém pagaria R$200,00 para consertar um violão Kashima, compensa mais comprar um novo. Mas se o mesmo serviço e valor forem aplicados em um Ramirez (avaliado em cerca de R$40 mil) é o mesmo que “salvá-lo por uma bagatela”.

Outro fator importante no momento de decidir entre consertar (ou não) é o apreço sentimental pelo instrumento. Muitas vezes o violão foi de uma pessoa querida e por isso muitos optam por consertá-lo.


QUANTO MAIS VELHO, MELHOR

A idade do instrumento também é um fator determinante na decisão de consertá-lo, principalmente nos casos dos violões.

Vamos tomar como exemplo um Giannini modelo estudante da década de 1980. Imagine que seu cavalete esteja descolado, o braço quebrado, sem o rastilho e com a pestana gasta, além de estar com as tarraxas enferrujadas.

Para deixá-lo em ordem será necessário um investimento de cerca de R$450,00. Mas será que o serviço é válido, considerando que com esta quantia é possível comprar um violão novo? A resposta é sim, o conserto compensa. Isso porque, além de serem instalados pestana e rastilho feitos de osso (que são muito melhores dos que os originais de plástico), a madeira do instrumento antigo (mesmo sendo compensada) estará totalmente curtida, tendo secado naturalmente ao longo das décadas.

Com isso o violão antigo terá um som mais definido e encorpado do que os instrumentos novos de loja, recém-fabricados. Outra vantagem é que a madeira do violão antigo, por estar seca, não sofrerá torções e deformações. O mesmo não acontece com os novos de loja.

Portanto, há casos em que um conserto geral poderá deixar seu instrumento com um timbre de qualidade muito superior ao de um violão novo.   

(Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

FLOYD ROSE, UM PEPINO À PARTE

Não é novidade para nenhum guitarrista que os efeitos sonoros "vanralísticos" e “satrianísticos” só são possíveis se executados em instumentos com sistema de ponte flutuante, popularmente conhecido como Floyd Rose.

Porém, também não é novidade que essas guitarras guardam uma mecânica complexa e delicada, em que qualquer mudança - até mesmo uma simples troca de cordas - pode a alterar regulagem por completo.

Por isso resolvi escrever este texto, repleto de dicas para os fãs dessas guitarras.

Para evitar a perda da regulagem de seu instrumento, o primeiro passo é saber qual o tipo de encordoamento que você deseja.

Sabe-se que a ponte Floyd Rose foi criada pelo lendário guitarrista Eddie Van Halen e seu mecanismo foi projetado para cordas de tensão 0.9. Portanto, este jogo de cordas propicia a medida ideal de conforto destes tipos de guitarras, principalmente no que diz respeito ao uso da alavanca.

Mas isso não quer dizer que os proprietários de guitarras flutuantes não possam se aventurar em cordas mais pesadas.

Já tive clientes que me pediram para instalar cordas 0.10 e até 0.11 em instrumentos com Floyd. Nestes casos, o grande entrave é que a alavanca tende a ficar mais dura, pois a tensão das cordas das molas é maior, ou seja, a alavanca tende a ficar mais dura.

Mas, certa vez, um cliente pediu para que eu regulasse uma guitarra floyd rose com uma corda de tensão 0.12, que ele havia colocado há cerca de uma semana, porém, sem sucesso na regulagem.

Verifiquei que os parafusos que sustentam as molas estavam espanando devido à pressão. Os dois pivôs que sustentam a ponte, pela enorme tensão, estavam completamente inclinados para a frente. Conclusão: o jogo 0.12, destruiu todos os pontos de fixação da mecânica do instrumento e tivemos que fazer enxertos no corpo do instrumento com madeiras mais resistentes - no caso jacarandá -, para resolver o problema.

O fato é que a madeira desta guitarra não deveria ceder. Mas isso ocorreu porque a maioria das fábricas de todo o mundo faz instrumentos com madeiras de custo baixo, porosas, leves, mais fracas e, portanto, menos resistentes à pressão.


O MITO DA AFINAÇÃO PERMANENTE

Quem disser que a floyd rose não desafina jamais, está enganado. Apesar de essas guitarras manterem bem a afinação, elas desafinam sim. E isso é um processo natural a qual todos os instrumentos de cordas são sucetíveis. Nenhum está isento.

Nestas guitarras a desafinação freqüente ocorre em algumas situações: quando as cordas são muito novas (ou velhas), quando as cordas foram instaladas de forma errada, quando as molas perderam seu potencial de tensão, quando os prendedores de cordas estão gastos ou quando partes específicas da madeira do corpo estão cedendo.

Caso o problema ocorra (exceto no caso de cordas novas), o ideal é trocar o jogo  - do jeito certo, claro - por outro da mesma tensão. Se o problema persistir, procure o luthier de sua confiança.

ATENÇÃO À AFINAÇÃO

Quando uma Floyd Rose é regulada com uma determinada afinação, jamais altere-a sem antes submeter o instrumento a uma regulagem. Isso porque, ao mudar a afinação, a tensão das cordas é alterada e, conseqüentemente, influenciará também as molas, a ponte e o braço, fazendo com que a guitarra perca a precisão de afinação (ou fique totalmente desafinada) e o conforto durante as digitações. Para saber mais, leia o artigo "Quando a afinação cai..."


TROCA DE CORDASQuando feita corretamente nas guitarras com ponte flutuante, a troca de cordas é essencial para a manutenção da regulagem. Por isso, fizemos um texto especialmente dedicado à troca de cordas.

A CURIOSIDADE MATOU O GATO

Lembre-se que algumas partes da floyd rose nunca devem ser mexidas sem que a pessoa tenha um amplo conhecimento técnico e mecânico do sistema. Por isso, jamais tente ajustar o tensor e as molas do instrumento; caso contrário, além de desregular  instrumento, você poderá causar danos praticamente irreversíveis, como por exemplo, a quebra do tensor. Quanto aos pivôs da ponte, prendedores de cordas e microafinadores, é pertinente que todos os músicos tenham intimidade com essas peças.

PONTO DE ESTABILIDADE

Não é porque a guitarra é floyd rose que você, músico, pode sair dando alavancadas para frente e para trás, sem que o instrumento perca a afinação. Isso é uma idéia errônea. Se os virtuoses Steve Vai e Joe Satriani fazem isso é pelo fato de suas guitarras terem sido projetadas especialmente para esta fim, ou seja para agüentar muito tranco. Além disso, esses instrumentistas são exímios profissionais que sabem exatamente o que estão fazendo.

Recordo-me de uma vez em que um garoto de cerca de  17 anos levou uma floyd (Ibanez Coreana) para o mestre Eduardo Ladessa (um dos melhores luthiers do país) regulá-la. O jovem reclamou, dizendo que quando ele usava a alavanca, a guitarra desafinava. O Ladessa afirmou que o problema era o mau uso da alavanca e pediu para que ele voltasse "amanhã".

No dia seguinte, o mestre convidou um ótimo guitarrista, o Caio, para mostrar ao jovem como se usa a alavanca. Ele fez várias firulas, sem que a guitarra sequer desafinasse. No final, o garoto percebeu que, de fato, ele não sabia usar a alavanca, agradeceu ao Ladessa e passou a tomar aulas com o Caio.

(Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)

FLOYD ROSE, TROCA DE CORDAS

Se há uma tarefa complicada (para os músicos), mas pertinente é a troca das cordas de uma guitarra Floyd Rose.

Neste texto, de forma didática, abordaremos passo a passo desta ação.

Portanto, siga com atenção!

O primeiro passo é destravar e remover todos os prendedores de cordas da pestana.

Em seguida, abra o envelope das cordas novas e, com um alicate, remova as pontas, que contém as "miçangas" (círculos de latão), das extremidades das cordas.

Regule os micro afinadores da ponte. Para saber o procedimento, leia o artigo "Regulagem da micro afinação".

Remova a Mizona velha e coloque a Mizona nova, partindo pela ponte.

Passe a corda Mizona pelo abaixador de cordas, que fica na mão do instrumento, entre a primeira tarraxa e a pestana.

Gire a corda em cerca de três voltas em torno do eixo da tarraxa.
Lembre-se de que ela deve ser colocada em sentido de espiral partindo de cima para baixo.

Afine-a. Afine, também,
todas as outras cordas.

Após a substituição da corda, puxe-a com força, mas não o suficiente para arrebentá-la, lógico.

Retire a Lá velha e coloque
a Lá nova, afinando-a.

Passe a corda por debaixo do abaixador de cordas (se a guitarra tiver, claro)

Gire a corda em cerca de três voltas em torno do eixo da tarraxa.

Afine a Lá e todas as outras, inclusive a Mizona, novamente.
Depois da substituição da corda, puxe a novamente a Mizona e a Lá com força moderada.

Repita esse procedimento com todas as outras cordas.

Afine a guitarra várias vezes até que a afinação fique estabilizada.

Trave todas as cordas na pestana, com o prendedor de cordas da pestana.Para travar, as cordas no prendedor da pestana, manuseie a chave allen sempre na vertical, para evitar que o parafuso espane.

Se a afinação estiver fora do padrão, ajuste-a no micro afinador.

Com um alicate de bico, corte os restos de cordas que sobraram das tarraxas.

Tenha paciência, pois todo o processo poderá levar cerca de uma hora, mas, sem dúvida, o trabalho é recompensador.

Uma dica é adotar as cordas que possuem maior durabilidade, como a Elixir, por exemplo.

Dessa forma ela ficará mais tempo na guitarra e você não terá que trocar as cordas todo mês.

Lembre-se de que as cordas novas devem ter a mesma tensão das antigas. A afinação também deverá ser a mesma, caso contrário, a regulagem será perdida.


(Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)