quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

INTEIRIÇOS: MITOS E REALIDADES


Envolvidos por mitos e fatos, os instrumentos inteiriços sempre rendem bons debates em rodas de músicos, principalmente quando o assunto é construção de guitarras e contrabaixos elétricos. Como luthier especialista neste tipo de construção (uma especialidade, também, do saudoso mestre Ladessa), neste texto serão tratadas as principais questões que envolvem esta complexa forma de confecção.

Em especial, a dúvida (ou crença) que permeia a cabeça de vários músicos é quanto à fragilidade do braço inteiriço. Muitos acham que quando este tipo de braço empena não há como reverter o problema. A verdade é que esta afirmação não passa de uma lenda inventada por quem não entende muito do assunto. Da mesma forma, aliás, que um braço inteiriço sofre alterações com a variação de temperatura, umidade e tensão das cordas, os braços colados (tipo Les Paul) e aparafusados (tipo Strato) também são suscetíveis a este mal; afinal, independentemente do método de construção, os braços dos instrumentos são feitos com as mesmas matérias primas: as madeiras. Assim, desmistificamos essa questão.

Os instrumentos com braço inteiriço, porém,  merecem um cuidado extra durante a sua fabricação. Por serem feitos a partir de uma única peça, o ângulo de inclinação do braço obrigatoriamente deve ser perfeita  a partir da escala; caso contrário, o instrumento estará condenado, sendo impossível regulá-lo, tampouco tocá-lo.

Por isso, são raros os fabricantes que se aventuram em construções de inteiriços. A maioria prefere a segurança em trabalhar com peças coladas ou aparafusadas. Isso porque, nestes tipos de construções, qualquer erro de cálculo de inclinação pode ser corrigido sem grandes dificuldades. Além disso, caso haja uma falha na construção dos aparafusados, apenas o braço ou o corpo poderão ser descartados, ao contrário dos inteiriços que são uma única peça, ou seja, quando se erra neste tipo de construção todo o resto do instrumento é “sacrificado”.

Para ilustrar essa realidade, vale recordar um "causo" no mínimo engraçado: certa vez o grande mestre Ladessa depois que percebeu que havia errado na inclinação de um contrabaixo (que havia sido encomendado e ainda estava em fase de construção), ligou para o dono do instrumento e pediu para que ele fosse até a sua oficina. Quando o baixista chegou ao local para ver o andamento de sua nova aquisição, o Ladessa pegou a peça e começou a remover os trastes, um a um e lentamente. Com o baixo nas mãos, ligou a serra de fita e dividiu o instrumento ao meio!

Nem é preciso dizer que o dono do instrumento quis chorar quando viu a cena. Mas, depois, o mestre da luthieria explicou que a inclinação do braço estava levemente errada e que não haveria outro jeito que não fosse recomeçar o trabalho do zero.

Devido às dificuldades de confecção desta complexa técnica, e o tempo gasto com sua fabricação, os inteiriços são mais caros e tem seu valor de mercado mais elevado. Basta ver que os instrumentos com braço aparafusado (ou colado) de fábrica mais baratos do mercado saem por cerca de R$250,00. Já os inteiriços com o menor preço não ficam por menos de R$1.500,00. 

SONORIDADE E CONFORTO

Muitos músicos se perguntam: quais as diferenças cruciais entre os inteiriços e os demais? A resposta é sonoridade, durabilidade, beleza e conforto.

Por proporcionarem um sustain mais duradouro, os inteiriços fazem jus à fama. Quando feitos em peças únicas e em madeiras rígidas e naturalmente envelhecidas, esses instrumentos podem surpreender com um som definido, mais pronunciado e com maior potência nos graves. O motivo pode ser explicado pelo fato de a vibração das cordas e do instrumento se propagar com maior facilidade e velocidade ao longo braço inteiriço, ao contrário dos demais que, por serem fabricados em duas peças (coladas ou aparafusadas), a vibração é interrompida ou quebrada ao se propagar entre o braço e o corpo.

Quanto ao conforto, os instrumentos inteiriços saem na frente dos aparafusados e colados. Isso porque este tipo de construção permite um design mais harmonioso (ver foto) entre o corpo e o braço do instrumento, o que facilita que o músico alcance as notas mais agudas sem perder o conforto na execução das digitações.

DIFÍCIL CONSTRUÇÃO

Muitos fabricantes propagam que os instrumentos aparafusados possuem a mesma definição, médios, harmônicos entre outras. O fato é que a construção de aparafusados é muito mais simples.  Basta ver que há máquinas “inteligentes” que fazem de forma independente braços e corpos para serem aparafusados. Já os inteiriços são manufaturados ou semimanufaturados, ou seja, produzidos manualmente e essa mão de obra especializada é muito cara. E por terem interesse no lucro, muitos luthiers afirmam que a qualidade é semelhante, mas somente o músico possuidor do inteiriço pode aquilatar sua qualidade e com certeza saberá da diferença da água e do vinho.

DURABILIDADE

Por serem geralmente feitos com longarinas de madeira, os braços inteiriço são mais difíceis de quebrar em comparação aos demais e sua durabilidade é muito superior. Isso se deve ao fato de as longarinas de diferentes madeiras duras e de densidade média proporcionarem um reforço extra, resistindo também a eventuais torções susceptíveis em braços aparafusados feitos em uma única peça, mormente se ela não estiver curtida para suportar às variações climáticas. Podemos afirmar que a durabilidade do inteiriço é eterna se o instrumento for bem cuidado e alguns fabricantes (luthiers) dão garantia de 10 anos e até vitalícia, como era o caso do mestre Ladessa.

(Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)

sábado, 19 de novembro de 2011

QUANDO A AFINAÇÃO CAI...

Incômodo comum dos instrumentos de cordas, a queda da afinação não está apenas relacionada apenas ao desgaste das engrenagens das tarraxas. Por isso, antes de comprar um jogo novo, certifique-se de que o problema é, de fato, este.


Diversos fatores podem contribuir com a falta de precisão e perda de afinação em uma freqüência incomum. Regulagem com o prazo de validade vencido e até cordas colocadas de forma errada estão entre as principais causas.
Nos tópicos abaixo, explicarei as possíveis causas e as respectivas soluções para o problema.

CORDAS NOVAS


Por levarem algum tempo para lacear, as cordas novas podem contribuir para que o instrumento perca a afinação com maior facilidade. Em média, demora cerca de uma semana para elas se acomodarem. A dica é puxá-las com uma certa força. Mas com cuidado, para que elas não rompam!


CORDAS VELHAS


Não é nem necessário dizer que cordas muito velhas interferem na precisão e qualidade da afinação, certo? Portanto, fique atento para o seu prazo de validade.


CORDAS COLOCADAS DE FORMA ERRADA


Há algum tempo, postei um artigo ensinando a forma correta de trocar as cordas. Para quem ainda não leu, clique aqui.


TARRAXAS NÃO BLINDADAS


Muitas tarraxas de violões e guitarras do modelo SG, por exemplo, não são blindadas e, por isso, suas engrenagens oscilam, de um lado para o outro. Para constatar basta notar que este tipo de tarraxas, com o passar do tempo, ficam mais bambas do que as blindadas. Vale dizer que este processo contribui para a deformação dos dentes das peças, que são responsáveis por manter a afinação.
Nestes casos, o recomendável é substituí-las por peças blindadas.

TARRAXAS BLINDADAS


Sem dúvida, estas são bem melhores do que as não blindadas. São mais firmes e levam mais tempo para desgastarem, o que garante uma vida útil mais longa. Porém, para conservá-las por mais tempo,a dica é, com cuidado, remover a sua tampa e aplicar algumas gotas de óleo de máquina nas engrenagens, uma vez ao ano, pelo menos.



PORCAS E PARAFUSOS

Certifique-se de que estas peças estão bem apertadas. Então, há cada seis meses, aperte-as para que as peças das tarraxas não fiquem com folgas.



BLINDAGEM EXTRA

Existe um recurso muito interessante que melhora ainda mais o desempenho e aumenta a vida útil das tarraxas blindadas - mas somente as blindadas. Trata-se da blindagem extra, com cobre ou latão, que alguns luthiers fazem. Este recurso dá um reforço a mais à peça, inibindo sua oscilação. No entanto, ele deve ser feito em jogos de tarraxas novos, pelo fato das engrenagens serem novas e não terem sofrido desgaste e após muito usadas, pouco e quase nada adianta a blindagem extra.


TRASTES GASTOS


Quando muito usados, os trastes apresentam deformações, que os deixam com a superfície chata ou com saliências nos locais onde as cordas são pressionadas. Essas deformações ocasionadas pelo desgaste geralmente afeta a qualidade da afinação do instrumento. Esse assunto inclusive merece um artigo específico. Em breve trataremos essa questão que dá muito pano pra manga!


MEDIDA ERRADA


Apesar de ser raro, as fábricas de violões, guitarra e contrabaixos podem errar as medidas do cavalete e dos canais onde são inseridos os trastes. O resultado desta falha é a falta de precisão da afinação. Mais do que isso, os instrumentos podem não afinar! Quando isso acontece, a única alternativa para solucionar o problema é calcular novamente a posição do cavalete e dos trastes, fazer uma escala nova com as medicas certas e instalar o cavalete no lugar certo – um baita trabalho!

AFINAÇÃO DAS OITAVAS


As oitavas quando desreguladas podem interferir, também, na qualidade da afinação de todo o instrumento. Por isso, mantenha as oitavas sempre em dia. Para quem não sabe afinar, vale clicar aqui.

FALTA DE REGULAGEM

Para que a afinação das oitavas fique precisa, a guitarra deve estar regulada, com o tensor ajustado. Isto porque, quando o braço está empenado, a distância entre um traste e o outro (que deve ser exata) altera-se, fazendo com que a precisão da afinação seja comprometida. Esse problema, no final, dá a impressão de que a guitarra perde afinação, quando, na realidade, as oitavas estão desreguladas pela curvatura do braço e mau posicionamento dos carrinhos da ponte.

DURANTE A AFINAÇÃO


Aí vai uma dica bastante válida a todos os músicos de instrumentos de cordas: ao afinar, sempre termine o processo apertando as tarraxas. Este simples ato pode ajudar, e muito. Isso porque, quando a afinação é concluída no sentido de soltar a corda, elas exercem tensão e ficam mais frouxas e desafinam.


(Procure sempre saber a formação e conhecer os trabalhos de seu luthier)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ATIVO OU PASSIVO?

Brincadeiras à parte, essa questão norteia a cabeça de muitos baixistas. Afinal, quando o assunto é contrabaixo, não há como definir qual tipo de sistema é o melhor. Os modelos Jazz Bass e Precision da Fender, por exemplo, são ótimos e com sistema passivo, enquanto os baixos da Warwick possuem um fenomenal ativo desenvolvido pela MEC.

Em compensação, há passivos que quase não manifestam som e ativos que o distorce. Portanto, não existe uma fórmula quando o assunto é optar entre um e outro. É tudo uma questão de gosto e, claro, bom senso.

Mas para não errar na escolha, vale a pena conhecer a diferença entre os dois. Os ativos foram desenvolvidos para solucionar a perda de sinal, o que justifica o pré-amplificador, que gera mais ganho na saída do som, além de possibilidades de equalizar grave, médio, agudo e - se houver um sistema paramétrico – a garantia de conseguir tocar em diferentes timbres.
Além disso, alguns sistemas ativos, como os da Alembic, por exemplo, possibilitam mudanças de timbre.

Uma característica estética bastante peculiar dos ativos é o maior número de botões e a necessidade de uma bateria de 9 volts.

Já os passivos geralmente têm o timbre mais definido, puxam mais médios (dependendo do captador, claro), além de serem mais receptíveis ao som que a madeira do instrumento gera.

Portanto, comprar um contrabaixo pode não ser tão simples quanto parece. O primeiro passo para não errar na escolha, é saber exatamente o tipo de som que você pretende obter.

Caso a sua pretensão seja tocar o bom e velho rock´n´roll, os modelos passivos Jazz Bass e Precision caem como luva. Possuem um som bastante roncado, característico do estilo. Agora, se a sua ideia é tocar samba ou baião, por exemplo, a dica é optar por um baixo de cinco cordas com um bom e potente sistema ativo. Com certeza o seu grave se sobressairá.

CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS PARA CONTRABAIXO

Captadores passivos – Não necessita de bateria para funcionar. O som da madeira exerce maior influência do que nos captadores e sistemas ativos.

Captadores ativos – garantem um ganho por meio de um pré-amplificador que casa a impedância do som das cordas. O sistema não funciona sem a instalação de uma bateria de 9 volts.

Captadores passivos com circuito ativo – Neste esquema o sinal dos captadores passa por um pré-amplificador e equalizador. Em sistemas como este, é possível (e aconselhável) a instalação de uma chave para desligar o sistema ativo, deixando apenas o som dos captadores passivos.

Captadores ativos com circuitos ativos – Conhecido como sistema 18v, pois necessita de uma bateria para os captadores e outra para o sistema.

CUIDADOS ESPECIAIS

Todo circuito elétrico, independentemente de ser ativo ou passivo, merece cuidados especiais. Os ativos, porém, são mais delicados. Por tanto, ao limpá-lo com álcool isopropilico, não se esqueça de desconectar a bateria de alimentação. Casos contrário, o líquido poderá ocasionar um curto circuito, possivelmente fatal para a peça.

Para quem mora no litoral, a dica é deixar na caixa do sistema uma saquinho de sílica para diminuir a umidade e salubridade do ar.

Um abraço e até a próxima!

Procure sempre saber a escola e conhecer o trabalho de seu luthier

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

PINTURA EM XEQUE

A aplicação de uma nova pintura em um instrumento não é - nem de longe - uma questão meramente estética. E muitos músicos, no afã de mostrarem seus “brinquedos” com um acabamento digno de fábrica, acabam caindo em maus lençóis ao pintarem seus instrumentos.

Este serviço, se não estudado e analisado com critério, poderá se tornar uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que promove a recuperação estética do instrumento, uma simples demão de verniz pode, por exemplo, comprometer toda a qualidade acústica de um instrumento, principalmente se ele for acústico ou semi-acústico. Isso porque a nova pintura impregna nos poros da madeira, alterando características como flexibilidade, potencialidade vibracional, densidade, porosidade, entre outras.

O resultado de toda esta interferência é - com certeza - a perda da qualidade do timbre do instrumento. Assim sendo, fica a pergunta: Afinal, quando devemos trocar a pintura ou verniz de um instrumento?

CADA CASO É UM CASO

Bom senso e critério são fundamentais antes de uma nova pintura ser aplicada. Instrumentos maciços, ao contrário dos acústicos, podem ter seus vernizes substituídos ou removidos sem maiores preocupações com os quesitos sonoros. Mas não esqueça que cada caso é um caso, e deve ser tratado com muita atenção. A pintura original de uma guitarra Gretsch da década de 1950 jamais deverá ser trocada ou removida, por mais que esteja surrada. Caso contrário, a qualidade do som e o valor da peça serão incrivelmente reduzidos.

Mas não são apenas instrumentos antigos e raros que devem passar por uma avaliação antes de solicitar este serviço. Pintar uma guitarra de baixa qualidade (como Phoenix, Tonante ou Menphis) também não é bom negócio, se levado em conta o baixo custo do instrumento em relação ao valor do serviço. Com certeza a nova pintura não valorizará a peça e o prejuízo será certo.

ATENÇÃO COM OS ACÚSTICOS

Violões, violinos, cellos, rabecões, violas e cavacos são apenas alguns instrumentos acústicos que estão na lista daqueles que merecem toda atenção antes de sofrerem um processo de pintura. E se você possui um instrumento antigo, ou com mais de 15 anos, redobre o cuidado!

Explico o porquê: quando um instrumento acústico industrial é fabricado, a madeira, embora tratada, é recém cortada e, por isso, sofrerá alterações, perdendo umidade com o passar do tempo.

Depois de 15 anos, a madeira do instrumento já estará seca e a tendência é de o seu timbre ficar cada vez mais apurado, se a peça estiver bem conservada, claro. Portanto, é comum vermos muitos instrumentos antigos gerarem um som de melhor qualidade que instrumentos novos de loja. Por este motivo, também, muitos luthiers preferem talhar suas “obras” em madeiras nobres provenientes de demolições. Muitas delas com 20, 30, 50, 100 anos ou até mais. Com certeza é garantia de um timbre único.

Assim, fica claro que restaurar o verniz original de um instrumento acústico velho pode não ser, exatamente, um bom negócio.

OS ATIVOS

Não é novidade para a maioria dos músicos que o timbre dos instrumentos com captação ativa e circuito pré-ativo (geralmente alimentado por bateria de 9V) é regido pelo sistema elétrico. Portanto, o instrumento com estas características poderá ser pintado sem maiores preocupações com mudanças sonoras, pois o verniz novo nada influenciará. O músico, porém, deve estar ciente da possibilidade de transformá-lo em passivo. Nesse caso as coisas mudam, já que a madeira gera grande influência no timbre deste tipo de sistema.

O VERNIZ VERMELHO DO VIOLINO OCTOGENÁRIO

Certo dia, um senhor trouxe em minha oficina um violino brasileiro (com algumas madeiras nacionais) com tampos e laterais maciças feito à mão durante a década de 1930 – uma raridade, diga-se de passagem. Sua pintura original, no entanto, havia sido sobreposta por um verniz brilhante e avermelhado (um verdadeiro assassinato). Por sorte - e com muito trabalho - foi possível remover o verniz novo, deixando apenas original.

Mas se a pintura original tivesse sido removida para a nova ser aplicada, certamente o novo verniz teria se infiltrado na madeira naturalmente envelhecida e, conseqüentemente, prejudicado o timbre adquirido da peça adquirido com o passar das décadas. Por sorte, neste caso, não tivemos uma perda lastimável.

Abraço e até mais

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terça-feira, 4 de outubro de 2011

LIMPEZA DO INSTRUMENTO

Manter um instrumento limpo e bem cuidado, não é apenas sinônimo de higiene e capricho. É a prova de que o músico ama sua arte. Muitos, porém, não sabem como proceder à tarefa e desconhecem as técnicas de higienização adotadas e os produtos de limpeza adequados, que podem tanto aumentar quanto diminuir (se não houver cuidado) o desempenho e – por que não? – a vida útil de seu instrumento.

Existe no mercado uma série de produtos que podem ser empregados na conservação de um instrumento, que vão desde óleo de máquina, passando pelo óleo de peroba, até as ceras de carnaúba e automotiva. Mas o grande desafio não é decorar uma enorme lista de produtos químicos, mas, sim, saber quando, onde e em qual ocasião eles devem ser aplicados.

A primeira regra para não errar é analisar, com muita atenção, o acabamento do instrumento, que pode ser encerado, pintado com verniz de poliuretano (PU), poliéster, goma laca ou, mesmo, tinta esmalte. Cada um destes tipos de proteções requer um cuidado peculiar.

Instrumentos pintados com PU, tinta acrílica, esmalte ou poliéster podem ser tratados com cera automotiva. Lembre-se, porém, de que este produto é corrosivo. Portanto, não deve ser aplicado com muita freqüência – em média, uma vez a cada 15 dias.

Já os mais rústicos, com acabamento em madeira apenas lixada, devem ser conservados com cera de carnaúba. Para hidratá-los, uma vez a cada seis meses, pode-se aplicar óleo de peroba ou de limão em toda a peça, exceto na escala. Por ser uma parte cujas medidas devem ser precisas, não pode sofrer alterações provocadas pela umidade gerada pelo óleo de peroba. Por isso, o mais indicado é o uso, neste caso, da cera de carnaúba (ou a automotiva, se a escala for envernizada).
APLICAÇÃO DA CERA

Todas as ceras requerem as mesmas técnicas de utilização. Primeiro, cubra o instrumento com uma fina película. Quanto menos cera utilizar melhor, pois, além de economizar o material, poupará seu tempo, uma vez que será mais fácil de remover uma fina camada do que crostas (mas não deixe de passar o produto em todos os cantos do instrumento).  

Após a aplicação, espere vinte minutos, para a secagem. Em seguida, pegue um pedaço de estopa e  remova o excesso. Feito isto, é a hora do polimento, cuja técnica é a mesma utilizada pelo lendário mestre Miyagi: faça-o sempre em movimentos circulares.

Está pronto, independentemente de seu instrumento ter acabamento em madeira, PU, ou poliéster (entre outros), você verá que, utilizando o material e a técnica correta, ele ficará brilhando como novo por muito mais tempo.

LIMPEZA DAS CORDAS

O mesmo zelo que temos com os instrumentos devemos ter com as cordas. Para elas estarem sempre impecáveis (aumentando a sua duração) limpe-a com uma flanela seca toda vez que terminar de tocar. Isso evitará o acúmulo de gordura e suor, que contribui com a corrosão.

Para as cordas de aço, a dica é pingar cinco gotas de óleo de máquina em um pedaço de estopa e aplicar sob elas. Mas tome cuidado para não deixar o óleo escorre na escala, pois um descuido desses poderá prejudicar a madeira e o verniz de seu instrumento.

Atenção com as cordas da marca Elixir: por possuírem um revestimento plástico, não as limpe com óleo de máquina. Use apenas uma flanela (ou estopa) seca, principalmente por debaixo das cordas, pois é neste local onde a gordura dos dedos se acumula.

Abraço e até mais
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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

BRILHO NOS TRASTES

Engana-se quem pensa que manter os trastes sempre reluzentes é pura frescura. Trastes brilhantes não são apenas mera questão de estética e higiene. Quando limpos e conservados tornam-se sinônimos de melhor som e de maior facilidade na execução de técnicas como bend. No entanto, fica a pergunta: qual a melhor maneira de deixá-los sempre impecáveis, livre de zinabre e gordura?

Alguns “manuais” de lutheria aconselham o uso de esponja de aço para a manutenção das peças em questão. Porém, o uso deste material pode ser uma “faca de dois gumes”: ao mesmo tempo em que remove a sujeira, ele pode riscar e gastar os trastes, fazendo com que o instrumento “trasteje” ou perca sutilmente sustain, além da precisão da afinação. Portanto, o mais indicado é fazer o trabalho utilizando apenas algumas gotas de limpa metais, estopa e fita-crepe.

Abaixo, explicarei, passo a passo, a forma mais correta de limpar os trastes:

• Remova todas as cordas do instrumento.
• Com a fita-crepe, cubra todas as casas da escala de seu instrumento, deixando apenas os trastes expostos.
• Certifique-se de que a madeira da escala está bem protegida e isolada.
• Embeba (com algumas gotas) um chumaço de estopa no limpa metais.
• Esfregue o produto contra os trastes. Note que a estopa logo ficará escura. Este é o momento de substitui-la por outra limpa, para que o resultado do trabalho seja satisfatório.
• Passe uma estopa limpa e saca sob todos os trastes para remover o resquício de sujeira.
Dica importante: só faça a limpeza antes de regular seu instrumento, pois o ato de remover as cordas com certeza alterará, no mínimo, o ajuste do tensor, a curvatura do braço e a afinação das oitavas.
Espero que tenham gostado das dicas

Abraço e até mais
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sábado, 20 de agosto de 2011

REGULAGEM DA MICRO-AFINAÇÃO

Dentre os diversos tipos de instrumentos de cordas, as guitarras com ponte flutuante (também conhecida como floyd rose) encabeçam a lista dos mais difíceis de serem regulados e mais fáceis de perderem a regulagem. Isso porque o sistema floyd rose requer uma precisão de tensão exata para dar afinação.

Portanto, o tensor, as molas, o calibre das cordas, a altura da ponte, a inclinação do braço e a regulagem da micro-afinação devem estar em perfeita harmonia, para que o instrumento tenha um desempenho no mínimo satisfatório.

Dois fatores, porém, contribuem para a que a guitarra perca sua precisão na afinação em curto espaço de tempo: quando a afinação é alterada com freqüência e quando a micro-afinação perde a regulagem.

Desta forma, as regras para conservá-las são evitar a mudança de afinação e saber mexer na micro-afinação. Por ser uma ação simples, é justamente o que ensinaremos nas linhas abaixo.

MÃOS À OBRA


Mas antes de por a mão na massa, você, músico, deve saber que a serventia do recurso em questão é apenas concluir o processo de afinação do instrumento, já que quando os parafusos dos travadores do capotraste (ou pestana) são apertados, as cordas ficam levemente desarmonizadas. Portanto, chega um momento que o parafuso (de tanto se girado) chega ao limite de sua rosca, e a micro-afinação perde sua função.


Para evitar o problema é fundamental deixar a micro-afinação em estado de uso. Por isso sempre cheque se os parafusos estão alinhados e centralizados. Caso estejam desregulados (foto acima), prepare-se para ajustá-los.


O primeiro passo é, por incrível que pareça, desparafusar os prendedores de cordas do capotraste, na oura extremidade do instrumento. Feito isto, gire a micro-afinação até que os parafusos fiquem totalmente alinhados (uns aos outros) e centralizados (foto acima).

Em seguida, afine o instrumento pelas tarraxas. Finalmente, trave as cordas pelo capotraste.

Está pronto! Simples assim... Sua micro-afinação está regulada e você ganhará um tempo a mais até que ela perca a regulagem.

Espero que tenham gostado da dica.

Até a próxima!

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domingo, 24 de julho de 2011

ESCALA CLARA OU ESCURA, QUAL A MELHOR?

O título deste texto levanta uma dúvida bastante freqüente entre os instrumentistas de cordas. Sua resposta, porém, é um tanto imprecisa no que diz respeito a características sonoras. Isso porque a cor da escala não determina em nada o som do instrumento - da mesma forma que a cor de um carro não interfere na qualidade de seu motor, por exemplo.

O que de fato conta, nesta questão, são as características físicas da escala. Quando feitas com madeiras macias, com os poros e veios mais abertos, favorecem os médios e graves. Já as madeiras duras e pesadas destacam os agudos.

Para elucidar a questão, vale lembrar uma aula que tive no curso de lutheria da universidade estadual de música Tom Jobim (ULM). Na ocasião, meu saudoso mestre Eduardo Ladessa fez uma comparação bastante interessante e esclarecedora sobre o assunto: “Imagine uma corda de aço com as extremidades presas em uma chapa de inox. Ao percuti-la, o som produzido será um tanto estridente. Já, se estiver presa em um pedaço de isopor, o som não terá tanto brilho. Aliás, será mais grave ...O mesmo efeito acontece com as madeiras, porém em menor proporção, claro”, explicou.

Assim, fica mais do que claro que madeiras de cores diferentes podem proporcionar as mesmas características sonoras, pois o que rege o timbre são as propriedades físicas da madeira - e não estéticas. Portanto espécies de cores parecidas podem produzir timbres distintos.

Vamos usar o seguinte exemplo para facilitar o entendimento: visualmente o maple e o pau-marfim são madeiras bastante parecidas. Entretanto, a primeira é leve e porosa, enquanto a segunda – como o próprio nome sugere – é dura e pesada (aliás, com densidade similar à do jacarandá, que, por sua vez, é uma espécie escura). Desta forma, apesar de serem similares, o maple e o pau-marfim proporcionam sonoridades diferentes.

Cuidados

Deixando a questão do timbre um pouco de lado, o músico deve estar bem ciente quanto aos cuidados específicos da cor de sua escala. Ao contrário das outras peças de um instrumento, esta é a única parte que não é envernizada, portanto necessita de atenção especial.

Escalas claras, obviamente, sujam em menos tempo de uso do que as escuras. É bom ressaltar que as madeiras mais porosas, se não estiverem envernizadas, acumularão mais sujeira e gordura do que as mais duras e de veios bem fechados.

Portanto, se tiver que escolher entre o maple e o pau-marfim (ambas claras), a dica é optar pela segunda, que é mais densa e com os veios mais fechados, desde que você não se importe em ser contemplado com um timbre levemente mais agudo e definido.

Porém, as escalas claras não são as únicas que necessitam de cuidados especiais. Madeiras de cores vibrantes, como o pau-brasil, muirapiranga, Sebastião de arruda e o roxinho, oxidam e escurecem dependendo da acidez do suor da mão do músico. Geralmente as regiões mais tocadas ficam acinzentadas com o tempo, mas nada que uma boa lixa fina não resolva a questão estética.

Abraço e até a próxima!

terça-feira, 5 de julho de 2011

AFINAÇÃO DAS OITAVAS

Afinar as oitavas de um instrumento - ao contrário do que muitos pensam - não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Aliás, trata-se de uma tarefa que todos os músicos deveriam saber. Portanto, neste texto ensinaremos a afiná-las por meio do afinador elétrico, que garante uma maior precisão.

O processo é simples, porém requer paciência (e cerca 40 minutinhos). O primeiro passo é conectar o cabo no instrumento e no afinador, claro.
Posicione seu instrumento em sua perna de forma com que ele fique reto (em um
ângulo de 90 graus em relação ao chão). O segundo passo é afinar todas as cordas do instrumento. Inicie a afinação sempre pela corda mais grave, pois ela exerce mais tensão que as agudas. Em seguida, toque esta mesma corda, porém uma oitava acima, apertando na casa 12.

Se o afinador indicar que o instrumento está afinado, ótimo: um trabalho a menos.
No entanto, o mais provável é que as oitavas estejam desafinadas. Neste caso, se estiver com a afinação mais baixa (ou mais grave, tanto faz), com uma chave de fenda (ou Philips), solte o parafuso que movimenta o carrinho (da corda Mi, claro) da ponte. Se a afinação estiver mais alta, aperte o parafuso.

Em seguida, afine novamente a corda Mi solta. Teste novamente a afinação da oitava acima e vá ajustando-a até que fique perfeita, sempre intercalando entre a afinação pela tarraxa e pelo parafuso dos carrinhos.
Depois de afinada, inicie o mesmo processo na corda Lá. Feito isso, antes de começar a afinação da corda Ré, confira se houve alteração nas cordas Mi e Lá. Havendo qualquer diferença, corrija-a antes de passar para a corda seguinte. Repita o processo em todas as cordas, sempre da mais grave à mais aguda.

Um conselho é não “encasquetar” se a afinação não estiver 100% perfeita. Pois se trata de uma tarefa que exige muita paciência e tempo. Além disso, uma pequena variação da madeira do braço (ou mesmo uma simples troca de cordas) pode fazer com que afinação das oitavas oscile. E se você, músico, ficar muito preocupado com isso, passará muito tempo afinando e pouco tempo tocando... Além disso, não se esqueça que nem sempre todos terão ouvidos absolutos para apreciar a “superafinação” de suas oitavas.

Outra dica é não tentar afinar as oitavas de guitarras com ponte flutuante. Como seus carrinhos não possuem parafusos de ajuste de oitavas o processo é bem mais trabalhoso. Nestes casos a corda deve ser totalmente afrouxada para as oitavas serem afinadas, o que pode interferir na regulagem geral do instrumento. Portanto, deixe que esta tarefa seja realizada apenas por um profissional habilitado e de sua confiança.

Espero que tenha ajudado.

Abraços.

terça-feira, 28 de junho de 2011

COMO SABER SE O INSTRUMENTO É MACIÇO?

Não se engane e nem se deixe enganar. Muitas vezes, no afã de comprar um instrumento, músicos amadores e profissionais acabam levando gato por lebre, principalmente quando a questão envolve instrumentos acústicos e semi-acústicos, como violões, cavacos, baixos, violinos, violas, guitarras contrabaixos entre outros.

Muitas fábricas de instrumentos musicais, para economizarem em material e mão-de-obra, utilizam compensado – e até aglomerado – no lugar da madeira maciça. Essa prática, porém, não é apenas uma tática adotada por empresas de instrumentos de baixo e médio nível.

Nos últimos anos algumas das marcas mais famosas do planeta tem fabricado guitarras semi-acústicas e violões de compensado. Portanto, a promessa de que empresas renomadas são garantia de qualidade nem sempre é real - já que elas abusam de sua tradição. É como aquele velho ditado: “Quem tem fama, deita na cama”. Entretanto, fazem isso ferindo o bolso de centenas de consumidores desatentos, todos os dias.


Só para ilustrar o fato, basta dizer que um cliente do grande mestre da luthieria Eduardo Ladessa comprou uma desses instrumentos de compensado por nada menos do que (pasmem) R$7.000,00! Quando o Edu, com muito jeito, falou que sua guitarra não era de madeira maciça, o cliente pensou e logo respondeu: “Tudo bem... é compensado de maple”. No mínimo ele estava desapontado, mas tentando se convencer de que o fato de ser de maple mudaria em algo.

Diante desta realidade, fica a pergunta: como os músicos devem se proteger deste engodo que deprecia – e muito - a qualidade do som no que diz respeito à questão acústica?

O primeiro passo é saber diferenciar um instrumento acústico feito com peças maciças e outro de compensado. Mas, antes, precisamos conhecer as características de ambas.

O tampo superior dos violões e guitarras semi-acústicas de compensado é feito, geralmente, com três folhas de madeira prensadas e coladas uma sob as outras.

A primeira reveste a peça, por isso são usadas madeiras como spruce ou abeto, por sua beleza. A segunda e terceira folhas geralmente são maple ou araucária. Tratam-se de madeiras mais econômicas de fáceis de serem trabalhadas.

O problema deste sistema de construção é que essas três peças são dispostas, uma às outras, de forma perpendicular, fazendo com que o tampo ganhe resistência e perca parte do seu potencial vibratório: e o resultado disso é a queda na qualidade sonora do instrumento.

Para diagnosticar  e distinguir o  tipo de construção, a alternativa mais simples é analisar com atenção a boca do instrumento.
Para facilitar, siga o passo a passo abaixo:

Pegue um instrumento acústico


Se for violão, veja se os veios da madeira do tampo seguem seu rumo até a curva da boca. Se isso ocorrer é porque o tampo é maciço, ou seja, feito com uma única peça (foto acima).


Agora, se o tampo for fino demais e os veios terminarem retilíneos na boca do instrumento, é porque é feito em madeira compensada com cola - um material que muito interfere na acústica (foto acima).

No caso das laterais do corpo, se o violão for elétrico, remova o pré-amplificador e veja se o corpo é de compensado.

Se for guitarra, violino, violoncelo, viola ou contrabaixo acústico, veja se o “F” do tampo superior possui peças coladas no sentido de sua espessura. Se houver, é porque o instrumento é de compensado.

Portanto, fica a dica: antes de julgar a qualidade dos instrumentos pela sua marca ou beleza, confira a forma como foi construído, e, se ainda tiver dúvida na hora da compra, consulte, antes, um luthier de sua confiança (que, de preferência, tenha boa formação técnica e não possua vínculos com a loja em que você pretende comprar o instrumento).
Abraços

Vitor Gomes

domingo, 12 de junho de 2011

CARACTERÍSTICAS DAS MADEIRAS TRADICIONAIS

No texto anterior vimos os motivos pelo qual a melhor madeira é a envelhecida. Neste, focaremos as características das madeiras utilizadas em fábricas mundo afora, já que no mercado de instrumentos musicais imperam algumas espécies de madeiras que ao longo das décadas foram se tornando tradicionais, mas nem por isso, são as melhores.

Por causa do forte tradicionalismo criado no setor, muitos dos instrumentos fabricados aqui no Brasil (que possui uma das mais ricas diversidades florais do planeta) infelizmente são feitos com madeiras importadas, como o Ash e o Maple.

E assim, a nossa riqueza natural é subjugada pelo favoritismo mercadológico, pois a maioria das guitarras e contrabaixos (independentemente de a fábrica ser ou não nacional) possui corpos feitos em Agathis, Alder, Ash, Basswood, Maple, Mogno, Poplar e Spruce (tampo de guitarras semi-acústicas).

Nos braços as preferências são o Maple, Mogno, Cedro e Walnut; enquanto as escalas são feitas, geralmente, em Maple, Jacarandá Indiano (Rosewood), pau-marfim (em alguns instrumentos nacionais).

Confira abaixo, as características das principais madeiras utilizadas pelas fábricas de instumentos

Alder – Madeira de baixa densidade. Muitos músicos não gostam da sua aparência estética, mas concordam que ela favorece os médios e agudos. Segundo um estudo do engenheiro florestal Gustavo de Amorim Fernandes, a velocidade de propagação sonora é de  4836 m/s.

Ash –
Por ser uma madeira de densidade média, um instrumento com corpo feito em Ash é certamente mais pesado do que um em Alder, característica que favorece os médios e agudos. De acordo com o trabalho de Amorim Fernandes, a velocidade de propagação sonora é de 4875 metros por segundo, neste aspecto é bastante similar ao Alder.

Basswood –
Madeira extremamente leve. Utilizada na construção de corpos de guitarras maciças, como alguns modelos da Fender fabricados no Japão. Segundo a pesquisa de Amorim Fernandes, a velocidade de propagação sonora é de 5687 metros por segundo.

Cedro –
Esta madeira nacional é bastante utilizada pelos instrumentos Tagima fabricados no Brasil. De densidade média, esteticamente esta madeira é bastante similar ao mogno (ou seja, sem graça). Porém, sua velocidade de propagação sonora é superior. De acordo com Amorim Fernandes, a velocidade de propagação sonora do Cedro é de 4639 metros por segundo, enquanto a do mogno é de 3464 m/s.

Ébano –
Trata-se de uma madeira africana muito rara. Por ser de alta densidade e cara, é utilizada apenas nas escalas de instrumentos “top de linha” ou feitos por luthiers. Segundo pesquisa, a velocidade de propagação sonora é de 4333 metros por segundo.

Jacarandá (Rosewood) – Madeira de alta densidade. Dentre os jacarandás, o mais apreciado é o baiano (nacional). Assim como o Ébano é usado nas escalas dos instrumentos. De acordo com o estudo de Amorim Fernandes, a velocidade de propagação sonora é de 3590 m/s.

Maple –
Esta é uma madeira que é utilizada tanto no braço quanto no corpo. Em alguns casos é possível encontrar, ainda, escalas feitas com essa madeira – embora, na  opinião de muitos músicos,  não seja a melhor escolha por ser relativamente porosa, macia e clara. Portanto, se não for envernizada, a escala poderá sujar rapidamente. A vantagem desta madeira é que, além de ser leve, de acordo com Gustavo de Amorim Fernandes, a velocidade de propagação sonora é de 4880 metros por segundo, um bom número.

Mogno –
É conhecida por ter sido adotada pela Gibson. De acordo com a pesquisa de Amorim Fernandes, a velocidade de propagação sonora é de 3464 metros por segundo. Trata-se de uma madeira de densidade média, porém é, geralmente, menos densa que o Maple.

Marupá –
Madeira de média densidade, vulgarmente conhecida como Caixeta, por ser utilizada também na fabricação de caixas de feiras. Por ser bastante utilizada na construção de corpos de guitarras e baixos Tagima, é garantia de um instrumento leve. Segundo Amorim Fernandes, assim como o Mogno, o Marupá é uma madeira de “média densidade e baixa velocidade de propagação” do som. Geralmente os instrumentos fabricados com ela são pintados pelo fato de a madeira não ser bonita.

Poplar –
Madeira bastante leve, com características sonoras similares ao Marupá. Porém a velocidade de propagação sonora é de 5052 metros por segundo.

Spruce –
É utilizada apenas nos tampos de guitarras acústicas, semi-acústicas e violões, por ser uma madeira leve e com boa resposta. Segundo o estudo de Amorim Fernandes, a velocidade de propagação sonora é de 5180 metros por segundo, excelente velocidade.

Pau-marfim
– embora seja clara como o Maple, esta madeira brasileira possui alta densidade. Em questão de sonoridade, por ser uma madeira densa e dura, na escala pode ser substituída pelo Jacarandá.

A MELHOR MADEIRA É, SEM DÚVIDA, A ENVELHECIDA



A influência da madeira no timbre do instrumento é um assunto que provoca dúvidas em muitos músicos, mas uma coisa é certa: engana-se quem pensa que a madeira não exerce uma influência considerável na qualidade de um instrumento.

Como matéria prima fundamental para a obtenção de um resultado final satisfatório, ela deve ser escolhida “a dedo”, para que o peso, resistência e, também, a estética do instrumento e timbre estejam de acordo com as exigências de seu proprietário.

Quando perguntam quais são as melhores madeiras para instrumentos maciços, a resposta é inatingível. Isso porque não existem melhores ou piores, mas, sim, as mais adequadas. E costumo dizer que estas são as bem curtidas com, no mínimo, 20 anos de secagem natural, pois, além de proporcionarem um timbre mais puro, são garantias de que o instrumento não sofrerá alterações com o passar dos anos (como torções no braço e deformações na escala). É como aquele ditado: "panela velha é que faz comida boa"!

Agora, no que diz respeito à qualidade das variadas madeiras para construção de instrumentos musicais elétricos, o correto é afirmar que as madeiras proporcionam resultados sonoros diferentes. Há aquelas que destacam os agudos, enquanto outras, os graves. Há ainda as que têm um tempo de resposta rápida; e, outras, podem proporcionar uma sustentação da nota mais prolongada. E o que determina essas potencialidades são características como densidade, dureza, flexibilidade, umidade entre outros.

Desta forma, todas estas questões devem ser levadas em conta na hora de comprar ou encomendar um instrumento feito à mão, por um luthier. Porém, não devemos esquecer que a madeira não é a única responsável pelo timbre de um instrumento. A combinação entre captadores, jogo de cordas, regulagem, equalização, madeira, capotraste (ou pestana) e, claro, o tipo de construção e madeira utilizada no instrumento, também deve ser levada em conta.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

DESMISTIFICANDO A BLINDAGEM

Opa, caros navegantes!

Muitos clientes antes de pedirem para fazer uma blindagem em seu instrumento logo perguntam se este recurso o deixará com menos som. A resposta é “não”. Ao blindá-lo, todo o seu sistema elétrico é aterrado, o que elimina os ruídos e interferências geradas pelo campo eletromagnético.

Mas nem sempre este serviço é garantia de cancelamento de ruídos. Já presenciei casos de músicos que vieram à minha oficina e reclamaram da blindagem feita por outros profissionais, afirmando que ao invés de cortar os chiados, eles ficaram ainda mais acentuados. Isso acontece porque, se não for bem feita, a blindagem poderá virar uma verdadeira antena, fazendo com que o instrumento sintonize, até mesmo, estações de rádio.

Um bom serviço (que funcione de fato) requer atenção, capricho e materiais de ótima qualidade. Folhas e placas de cobre ou latão são as mais indicadas, além da utilização de fio com terra ou, então, o chamado “fio nu”. Porém, muitos luthiers, para economizar material e mão-de-obra, adotam finos papéis de alumínio (tipo Rochedo) de baixa qualidade, em alguns casos banhados a cobre. O problema é que estes materiais são muito frágeis, rasgam com facilidade, além de não aderirem bem o estanho da solda, facilitando o que chamamos de “solda fria”.

Vale esclarecer que nem sempre a melhor blindagem do sistema elétrico elimina todos os ruídos. Isso porque, qualquer espécie de bobina (de captação, claro) pode sofrer interferências eletromagnéticas. E é justamente por isso que o captador tipo single coil capta chiados de equipamentos elétricos próximos a ele, em especial amplificadores. Mas para evitar esse problema, o captador deve ser também blindado e, após a blindagem, os chiados serão minimizados, principalmente se os captadores forem humbuckers, que garantem sempre um ótimo resultado.

Por isso, vai a dica: antes de blindar seu instrumento, procure um profissional capacitado e pergunte os materiais utilizados. Com certeza isso fará a diferença.

Vamos divulgar boa informação!

domingo, 22 de maio de 2011

LIMPEZA DO SISTEMA ELÉTRICO

Escrevi este artigo motivado por um cliente que, recentemente, mergulhou a chave seletora de sua “Les” em WD-40. Expliquei a ele sobre o quanto a sua ação poderia ter sido prejudicial a sua guitarra.


Sei que este erro não se restringe apenas ao universo de músicos curiosos e “aventureiros”. Já constatei que muitos profissionais (ou não), para limpar o sistema elétrico de um instrumento, utilizam spray de óleo, tipo WD-40.

Acontece que nem de longe esta é a melhor opção. Em um primeiro momento, o produto pode remover a sujeira dos potenciômetros e das chaves seletoras. Porém, em pouco tempo, inevitavelmente uma quantidade maior de poeira se acumulará na peça, por ela estar com resquício de óleo. Portanto, o melhor produto para se limpar um sistema elétrico de um instrumento é o álcool isopropílico, que, por ser volátil, é de secagem rápida.

Para entender melhor o processo correto de limpeza do sistema elétrico, acompanhe o passo a passo a seguir. Porém, atenção: se você não possui conhecimento básico de eletrônica, não se aventure nesta tarefa, pois poderá ser funesta para o sistema elétrico de seu instrumento.

Os materiais utilizados serão: álcool isopropílico, seringa e agulha, um pincel pequeno e “cotonetes”.

• O primeiro passo é embeber o cotonete no álcool isopropílico. Em seguida penetre-o e esfregue-o na fêmea (jack), para remover toda a sujeira acumulada.

• Abra a tampa do sistema elétrico.

• Com a seringa, injete algumas gotas de álcool isopropílico em todas as entradas dos potenciômetros. Gire-o até que a sujeira seja removida. Proceda da mesma forma com a chave seletora.

• Se os ruídos não forem sanados, remova cuidadosamente a tampa dos potenciômetros e, com a seringa e um pincel fino, faça uma limpeza mais profunda. Mas apenas arrisque fazer isso se tiver certeza da sua capacidade e preparo técnico. Caso contrário, como já disse, poderá comprometer as peças eletrônicas de seu instrumento. Se este for o caso, o sensato é confiar seu instrumento nas mãos de um profissional capacitado e de sua confiança.

• Nem sempre problemas de ruídos estão relacionados à limpeza do sistema. Se o problema persistir, é porque está na hora de trocar a peça.

• Em cidades litorâneas, como Santos (onde os componentes eletrônicos enferrujam e oxidam com facilidade), o ideal é que uma limpeza de manutenção seja feita a cada seis meses, no máximo a cada ano.

Desta forma você poderá aumentar consideravelmente a “expectativa de vida” do seu sistema.

Abraços

segunda-feira, 16 de maio de 2011

TROCA DE CORDAS

Opa, caros leitores!

Neste texto abordaremos a troca de cordas como ação fundamental para a preservação da regulagem de seu instrumento.


O principal problema nesta hora é que, no afã de ouvir o timbre metálico e cristalino de cordas novas, a maioria dos músicos simplesmente pegam um alicate e cortam todas as velhas.


O velho dito “a pressa é inimiga da perfeição”, apesar de ser um clichê e tanto, cai como luva nessa questão. Ao remover todas as cordas de uma só vez, o músico que não tem conhecimento do funcionamento estrutural de seu instrumento mal sabe que o tensor puxará o braço para trás.


Para garantir longa vida à regulagem, o ideal é trocar as cordas uma de cada vez, conforme o passo a passo a seguir:


Afine seu instrumento.


Remova a “mizona”, apenas.


Coloque a nova corda.


As cordas devem dar de duas a quatro voltas no eixo da tarraxa, de cima para baixo. Assim, elas não ficarão emboladas, garantindo a manutenção da afinação do instrumento.


Após a substituição da corda, puxe-a com força, mas não o suficiente para arrebentá-la, lógico. A seguir, afine não apenas a “mizona”, mas, também, todas as outras cordas, para manter a tensão desejável do braço.


Faça este procedimento com todas as outras, uma de cada vez, da mais grave para a mais aguda.

Boa sorte e até mais!

domingo, 8 de maio de 2011

SUSTAIN INFINITO

Obviamente obter uma sustentação da nota infinita é impossível, porém há muitos recursos que podem deixar sua guitarra ou contrabaixo com um som mais prolongado, ao mesmo tempo em que melhora e define o seu timbre.

O primeiro ponto a ser observado é o tipo de construção do instrumento. Grandes músicos e luthiers, como o mestre Eduardo Ladessa, defendem a idéia de que os instrumentos com braços inteiriços possuem maior sustein, pelo fato de serem construídos com uma única peça feita com longas tiras de madeiras prensadas. Em contrapartida muitas fábricas divulgam que é mínima a diferença de sustain entre um instrumento de braço inteiriço e o aparafusado. Mas há um motivo por trás desta alegação: a construção de instrumentos com braço aparafusado é mais simples e garante menor custo de material e mão de obra.  

Opiniões à parte, neste texto trataremos apenas de pequenas modificações e cuidados que, se somados, podem melhorar - e muito - o desempenho de seu instrumento.

O primeiro passo para otimizar seu som é saber colocar as cordas de maneira certa, de modo que elas dêem  voltas como espirais em torno dos eixos das tarraxas. Quando uma corda é inserida de qualquer jeito, sua tensão pode ficar prejudicada e conseqüentemente seu instrumento não terá um desempenho tão bom quanto poderia ter.
Vale lembrar que quanto mais alta as cordas estiverem
esticadas (mas nunca as deixem como um berimbau), mais som e harmônicos você terá.

Outro recurso é uma boa regulagem do capotraste, também conhecido como pestana. Quando colocamos as cordas, notamos que elas ficam quase que totalmente enfiadas nos canais do capotraste; e isso faz com que a vibração das cordas seja interrompida pelas paredes que as cercam.
O ideal é que as cordas fiquem metade para dentro e metade para fora do capotrastre, para que vibrem de forma plena, gerando mais sustein.

Ainda sobre esta peça, sabe-se que quando feitas em materiais mais densos e rígidos, como o osso ou latão, proporcionam um som mais puro e definido (além de ter uma durabilidade enésima vezes superior) do que os fabricados com materiais de menos densidade, como o plástico. Esses capotrastes (e rastilhos) de osso e latão são manufaturados e dificilmente encontrados a venda em lojas, por isso, para mais detalhes, consulte um luthier.

Porém, estes não são os únicos recursos que podem melhorar a sustentação do som de seu instrumento. Alguns tipos de pontes também contribuem com a questão. Para instrumentos de corpo de madeira maciça (que não sejam de compensado ou MDF), uma boa dica é a suntain block. Como o nome já diz, esse tipo de ponte inclui um bloco de metálico, que proporciona mais sustein.

Já para os violões acústicos de cordas de nailon, a dica é pedir para o seu luthier realizar a dupla furação, um recurso realizado pelos melhores profissionais da Europa e por poucos no Brasil. Esta furação fará com que a corda tenha maior tensão sobre o rastilho, garantindo mais corpo, volume e sustein.

Para os instrumentos de braço aparafusado, o ideal é substituir os quatro parafusos Philips, que prendem as duas a peça ao corpo, por outros com entrada para chave allen. A grande vantagem é que estes exercem maior pressão das duas peças, otimizando muito o som do instrumento.
Com estes pequenos cuidados e alterações o seu instrumento terá um melhor desempenho e, com certeza, uma melhor qualidade de som.

domingo, 1 de maio de 2011

AUMENTE A VIDA ÚTIL DE SUAS CORDAS

É fato: com um clima úmido - somado ao agravante de ser uma cidade litorânea, com altos índices de salubridade -, Santos e região possuem fortes características que contribuem para redução da vida útil das cordas de um instrumento. Ou seja, enquanto em São Paulo, por exemplo, elas podem durar meses a fio, na Baixada Santista ficam levemente enferrujadas antes mesmo de completarem três semanas de uso.

Não precisa estar apoiado em nenhuma pesquisa para dizer que, com certeza, a maioria dos músicos santistas se incomoda com o fato. Tanto que muitos me perguntam o que fazer para as cordas terem uma durabilidade maior. E é justamente sobre isso que abordaremos nas próximas linhas.

No mercado há diversos produtos que garantem uma maior “expectativa de vida” às cordas. Um deles é a sílica. Este material absorve boa parte da umidade de pequenos espaços. Portanto, o mais indicado é distribuir três ou quatro saquinhos do produto no estojo de seu instrumento.

Outra dica é utilizar os chamados limpadores de cordas, que podem ser encontrados em várias marcas, como GSH, Dunlop e Planet Waves. Seu valor, porém, é meio salgado, se levado em conta o custo-benefício. Por volta de R$ 25,00.

Para os mais “econômicos”, uma boa opção é sempre passar uma flanela nas cordas - tanto por cima quanto por baixo - depois de tocar o instrumento. Esta ação contribui com a remoção da umidade das cordas, porém, o resultado não é tão satisfatório quanto o uso dos limpadores.

Outra alternativa é passar, a cada 15 dias, uma flanela com poucas gotas de óleo de máquina (tipo Singer).  Mas cuidado: esse recurso não deve ser adotado em cordas que recebem revestimento plástico, como as duráveis Elixir (apesar de custar cerca de duas vezes mais do que os jogos tradicionais, é quatro vezes mais resistente contra oxidação; portanto, uma ótima opção). Nestes casos, passe apenas uma flanela seca tanto na parte inferior quanto na superior das cordas.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

CORDAS PESADAS OU LEVES?

No texto anterior abordamos uma técnica de troca de cordas fundamental para que a regulagem seja mantida por um tempo maior. Continuaremos a escrever sobre cordas, mas desta vez o tema será mais prático e, com certeza, ajudará o leitor na escolha certa de acordo com o timbre desejado.

No mercado, os jogos de cordas (de guitarra) mais comercializados são os de numeração 0.9, 0.10, 0.11 (partindo da “mizinha”, sempre). Porém, não devemos esquecer que ainda temos os jogos 0.08, 0.12 e 0.13, além das chamadas "híbridas". Não há como definir a melhor. Trata-se de uma questão um tanto subjetiva. Porém, há aquelas que se adéquam melhor a determinados estilos, ocasiões e pegadas.

 Nas linhas abaixo, segue uma breve explicação sobre cada numeração.

0.08 –
Corda bastante leve (quase um fio de cabelo). É indicada para estilos que exijam solos e execução de técnicas em alta velocidade, como heavy-metal. O inconveniente é que esta numeração é muito frágil, e a “mizinha” pode se romper com facilidade, principalmente se o músico não estiver adaptado com esse tipo de encordoamento. Além disso, por serem leves, essas cordas proporcionam um som um tanto magro, sem peso. Quem gosta de fazer bends deve tomar cuidado para não passar do tom ou, mesmo, estourar a corda durante a execução.


0.09-
Numeração bem aceita entre os guitarristas que tocam em instrumentos com ponte flutuante (floyd rose), principalmente os vidrados em Van Hallen, Satriani e Steve Vai, que gostam de se exibir entre bends, tappings e arpejos ultrarápidos. Essa numeração cai bem em diferentes estilos. Quem usa(va) segundo pesquisas na internet: George Harrinson, Satriani, Van Hallen.


0.10-
Bastante versátil (se não for a mais). Isso porque esta opção é garantia de timbre mais “encorpado” do que os jogos 0.8 e 0.9, podendo ser usada tanto para base quanto para solos que exijam velocidade. Além disso, pode ser utilizada em guitarras com ponte flutuante. Quem usa(va): segundo pesquisas na internet: Jimi Hendrix, Eric Clapton, John Mayer, B.B. King.


0.11 e 0.12 –
Por serem numerações mais rígidas, são indicadas para guitarras com ponte fixa, como os modelos Satratocasters, Les-Paul’s, além das semi-acústicas. Essas numerações são mais pesadas e dificultam técnicas como bends e tappings. Portanto, não são indicadas para guitarristas fãs de Satriani, Malmesten e Vai. Porém, são as escolhas certas dos blueseiros, jazzistas e "hard roqueiros" pelo corpo extra que estas numerações proporcionam ao timbre. Quem usa(va) segundo pesquisas na internet: Slash (0.11), Malcolm Youn (0.12). As cordas a partir da numeração 0.11 não são indicadas para guitarras com ponte flutuante, pois por terem alta tensão, não funcionam bem neste mecanismo.


0.13 –
Jogo extremamente duro e pesado. Se o músico não tiver um bom preparo muscular nas mãos, provavelmente sentirá dificuldade ao tocar com esta numeração. Segundo pesquisas na internet, o jogo 0.13 é adotado por guitarristas como Steve Ray Vaughan e Zakk Wylde.

Abraço

sábado, 23 de abril de 2011

Para manter a regulagem

De maneira leve e texto fácil, abordarei assuntos de interesse dos músicos que tocam instrumentos de cordas. Portanto, este espaço não tem a pretensão de ser um “curso a distância” de lutheria. A proposta é, apenas, apresentar informações do interesse do músico, seja ele profissional ou amador. Discutiremos e descobriremos juntos o melhor desempenho para os nossos instrumentos.

Este primeiro tema gera dúvidas e questionamentos em muitos músicos que freqüentam minha oficina: a regulagem. “Afinal, depois de passar por um ajuste completo, quanto tempo ela durará? E o que devo fazer para mantê-la?”, questionam os clientes.

Muitos músicos reclamam que logo após a troca de cordas seu instrumento perde a regulagem, começam a “trastejar” ou as cordas ficam excessivamente altas, o que prejudica o conforto na hora de tocar.

Para o músico não começar errando, o primeiro passo é saber o que se está comprando. Se, por exemplo, a sua guitarra foi regulada com um jogo de cordas 0.10, você jamais deverá substituí-lo por outro de tensão diferente sem a orientação de um luthier profissional.

Explico melhor:

Uma vez regulada com jogo de cordas 0.10 (a partir da “mizinha”), se na hora da troca for inserido um jogo mais leve, tipo 0.08, o tensor puxará o braço do instrumento para trás, fazendo com que as notas “trastejem”. Caso o jogo 0.10, seja substituído por um de tensão 0.12, acontecerá o oposto: a ação das cordas puxará o braço para frente, deixando-as altas, além de comprometer a afinação das oitavas.

Portanto, a dica é sempre trocar as cordas velhas por outras com a mesma numeração e, se possível, da mesma marca.

No próximo texto, explicarei o modo correto de trocá-las - uma ação que contribuirá, e muito, com a preservação de sua regulagem.

Até lá!

(Procure sempre saber a escola e o trabalho de seu luthier)

Bem vindo ao Luhier em Santos

Amigos músicos

A partir de agora vocês contam com este blog para conhecer os cuidados de seus instrumentos. Neste novo espaço, ensinaremos técnicas simples de lutheria, que ajudarão - e muito - no dia a dia dos músicos de cordas.

Além disso, promoveremos várias discussões sobre a influência das madeiras, captadores e sobre os demais acessórios e modificações que podem alterar o timbre dos instrumentos.

Espero que as informações deste blog sirvam como guia a todos os leitores que pretender obter um melhor som.

Vamos interagir. Comentem, tirem dúvidas, que estaremos sempre dispostos a ajudar.       

Um forte abraço
(Procure sempre saber a escola e o trabalho de seu luthier)