segunda-feira, 30 de maio de 2011

DESMISTIFICANDO A BLINDAGEM

Opa, caros navegantes!

Muitos clientes antes de pedirem para fazer uma blindagem em seu instrumento logo perguntam se este recurso o deixará com menos som. A resposta é “não”. Ao blindá-lo, todo o seu sistema elétrico é aterrado, o que elimina os ruídos e interferências geradas pelo campo eletromagnético.

Mas nem sempre este serviço é garantia de cancelamento de ruídos. Já presenciei casos de músicos que vieram à minha oficina e reclamaram da blindagem feita por outros profissionais, afirmando que ao invés de cortar os chiados, eles ficaram ainda mais acentuados. Isso acontece porque, se não for bem feita, a blindagem poderá virar uma verdadeira antena, fazendo com que o instrumento sintonize, até mesmo, estações de rádio.

Um bom serviço (que funcione de fato) requer atenção, capricho e materiais de ótima qualidade. Folhas e placas de cobre ou latão são as mais indicadas, além da utilização de fio com terra ou, então, o chamado “fio nu”. Porém, muitos luthiers, para economizar material e mão-de-obra, adotam finos papéis de alumínio (tipo Rochedo) de baixa qualidade, em alguns casos banhados a cobre. O problema é que estes materiais são muito frágeis, rasgam com facilidade, além de não aderirem bem o estanho da solda, facilitando o que chamamos de “solda fria”.

Vale esclarecer que nem sempre a melhor blindagem do sistema elétrico elimina todos os ruídos. Isso porque, qualquer espécie de bobina (de captação, claro) pode sofrer interferências eletromagnéticas. E é justamente por isso que o captador tipo single coil capta chiados de equipamentos elétricos próximos a ele, em especial amplificadores. Mas para evitar esse problema, o captador deve ser também blindado e, após a blindagem, os chiados serão minimizados, principalmente se os captadores forem humbuckers, que garantem sempre um ótimo resultado.

Por isso, vai a dica: antes de blindar seu instrumento, procure um profissional capacitado e pergunte os materiais utilizados. Com certeza isso fará a diferença.

Vamos divulgar boa informação!

domingo, 22 de maio de 2011

LIMPEZA DO SISTEMA ELÉTRICO

Escrevi este artigo motivado por um cliente que, recentemente, mergulhou a chave seletora de sua “Les” em WD-40. Expliquei a ele sobre o quanto a sua ação poderia ter sido prejudicial a sua guitarra.


Sei que este erro não se restringe apenas ao universo de músicos curiosos e “aventureiros”. Já constatei que muitos profissionais (ou não), para limpar o sistema elétrico de um instrumento, utilizam spray de óleo, tipo WD-40.

Acontece que nem de longe esta é a melhor opção. Em um primeiro momento, o produto pode remover a sujeira dos potenciômetros e das chaves seletoras. Porém, em pouco tempo, inevitavelmente uma quantidade maior de poeira se acumulará na peça, por ela estar com resquício de óleo. Portanto, o melhor produto para se limpar um sistema elétrico de um instrumento é o álcool isopropílico, que, por ser volátil, é de secagem rápida.

Para entender melhor o processo correto de limpeza do sistema elétrico, acompanhe o passo a passo a seguir. Porém, atenção: se você não possui conhecimento básico de eletrônica, não se aventure nesta tarefa, pois poderá ser funesta para o sistema elétrico de seu instrumento.

Os materiais utilizados serão: álcool isopropílico, seringa e agulha, um pincel pequeno e “cotonetes”.

• O primeiro passo é embeber o cotonete no álcool isopropílico. Em seguida penetre-o e esfregue-o na fêmea (jack), para remover toda a sujeira acumulada.

• Abra a tampa do sistema elétrico.

• Com a seringa, injete algumas gotas de álcool isopropílico em todas as entradas dos potenciômetros. Gire-o até que a sujeira seja removida. Proceda da mesma forma com a chave seletora.

• Se os ruídos não forem sanados, remova cuidadosamente a tampa dos potenciômetros e, com a seringa e um pincel fino, faça uma limpeza mais profunda. Mas apenas arrisque fazer isso se tiver certeza da sua capacidade e preparo técnico. Caso contrário, como já disse, poderá comprometer as peças eletrônicas de seu instrumento. Se este for o caso, o sensato é confiar seu instrumento nas mãos de um profissional capacitado e de sua confiança.

• Nem sempre problemas de ruídos estão relacionados à limpeza do sistema. Se o problema persistir, é porque está na hora de trocar a peça.

• Em cidades litorâneas, como Santos (onde os componentes eletrônicos enferrujam e oxidam com facilidade), o ideal é que uma limpeza de manutenção seja feita a cada seis meses, no máximo a cada ano.

Desta forma você poderá aumentar consideravelmente a “expectativa de vida” do seu sistema.

Abraços

segunda-feira, 16 de maio de 2011

TROCA DE CORDAS

Opa, caros leitores!

Neste texto abordaremos a troca de cordas como ação fundamental para a preservação da regulagem de seu instrumento.


O principal problema nesta hora é que, no afã de ouvir o timbre metálico e cristalino de cordas novas, a maioria dos músicos simplesmente pegam um alicate e cortam todas as velhas.


O velho dito “a pressa é inimiga da perfeição”, apesar de ser um clichê e tanto, cai como luva nessa questão. Ao remover todas as cordas de uma só vez, o músico que não tem conhecimento do funcionamento estrutural de seu instrumento mal sabe que o tensor puxará o braço para trás.


Para garantir longa vida à regulagem, o ideal é trocar as cordas uma de cada vez, conforme o passo a passo a seguir:


Afine seu instrumento.


Remova a “mizona”, apenas.


Coloque a nova corda.


As cordas devem dar de duas a quatro voltas no eixo da tarraxa, de cima para baixo. Assim, elas não ficarão emboladas, garantindo a manutenção da afinação do instrumento.


Após a substituição da corda, puxe-a com força, mas não o suficiente para arrebentá-la, lógico. A seguir, afine não apenas a “mizona”, mas, também, todas as outras cordas, para manter a tensão desejável do braço.


Faça este procedimento com todas as outras, uma de cada vez, da mais grave para a mais aguda.

Boa sorte e até mais!

domingo, 8 de maio de 2011

SUSTAIN INFINITO

Obviamente obter uma sustentação da nota infinita é impossível, porém há muitos recursos que podem deixar sua guitarra ou contrabaixo com um som mais prolongado, ao mesmo tempo em que melhora e define o seu timbre.

O primeiro ponto a ser observado é o tipo de construção do instrumento. Grandes músicos e luthiers, como o mestre Eduardo Ladessa, defendem a idéia de que os instrumentos com braços inteiriços possuem maior sustein, pelo fato de serem construídos com uma única peça feita com longas tiras de madeiras prensadas. Em contrapartida muitas fábricas divulgam que é mínima a diferença de sustain entre um instrumento de braço inteiriço e o aparafusado. Mas há um motivo por trás desta alegação: a construção de instrumentos com braço aparafusado é mais simples e garante menor custo de material e mão de obra.  

Opiniões à parte, neste texto trataremos apenas de pequenas modificações e cuidados que, se somados, podem melhorar - e muito - o desempenho de seu instrumento.

O primeiro passo para otimizar seu som é saber colocar as cordas de maneira certa, de modo que elas dêem  voltas como espirais em torno dos eixos das tarraxas. Quando uma corda é inserida de qualquer jeito, sua tensão pode ficar prejudicada e conseqüentemente seu instrumento não terá um desempenho tão bom quanto poderia ter.
Vale lembrar que quanto mais alta as cordas estiverem
esticadas (mas nunca as deixem como um berimbau), mais som e harmônicos você terá.

Outro recurso é uma boa regulagem do capotraste, também conhecido como pestana. Quando colocamos as cordas, notamos que elas ficam quase que totalmente enfiadas nos canais do capotraste; e isso faz com que a vibração das cordas seja interrompida pelas paredes que as cercam.
O ideal é que as cordas fiquem metade para dentro e metade para fora do capotrastre, para que vibrem de forma plena, gerando mais sustein.

Ainda sobre esta peça, sabe-se que quando feitas em materiais mais densos e rígidos, como o osso ou latão, proporcionam um som mais puro e definido (além de ter uma durabilidade enésima vezes superior) do que os fabricados com materiais de menos densidade, como o plástico. Esses capotrastes (e rastilhos) de osso e latão são manufaturados e dificilmente encontrados a venda em lojas, por isso, para mais detalhes, consulte um luthier.

Porém, estes não são os únicos recursos que podem melhorar a sustentação do som de seu instrumento. Alguns tipos de pontes também contribuem com a questão. Para instrumentos de corpo de madeira maciça (que não sejam de compensado ou MDF), uma boa dica é a suntain block. Como o nome já diz, esse tipo de ponte inclui um bloco de metálico, que proporciona mais sustein.

Já para os violões acústicos de cordas de nailon, a dica é pedir para o seu luthier realizar a dupla furação, um recurso realizado pelos melhores profissionais da Europa e por poucos no Brasil. Esta furação fará com que a corda tenha maior tensão sobre o rastilho, garantindo mais corpo, volume e sustein.

Para os instrumentos de braço aparafusado, o ideal é substituir os quatro parafusos Philips, que prendem as duas a peça ao corpo, por outros com entrada para chave allen. A grande vantagem é que estes exercem maior pressão das duas peças, otimizando muito o som do instrumento.
Com estes pequenos cuidados e alterações o seu instrumento terá um melhor desempenho e, com certeza, uma melhor qualidade de som.

domingo, 1 de maio de 2011

AUMENTE A VIDA ÚTIL DE SUAS CORDAS

É fato: com um clima úmido - somado ao agravante de ser uma cidade litorânea, com altos índices de salubridade -, Santos e região possuem fortes características que contribuem para redução da vida útil das cordas de um instrumento. Ou seja, enquanto em São Paulo, por exemplo, elas podem durar meses a fio, na Baixada Santista ficam levemente enferrujadas antes mesmo de completarem três semanas de uso.

Não precisa estar apoiado em nenhuma pesquisa para dizer que, com certeza, a maioria dos músicos santistas se incomoda com o fato. Tanto que muitos me perguntam o que fazer para as cordas terem uma durabilidade maior. E é justamente sobre isso que abordaremos nas próximas linhas.

No mercado há diversos produtos que garantem uma maior “expectativa de vida” às cordas. Um deles é a sílica. Este material absorve boa parte da umidade de pequenos espaços. Portanto, o mais indicado é distribuir três ou quatro saquinhos do produto no estojo de seu instrumento.

Outra dica é utilizar os chamados limpadores de cordas, que podem ser encontrados em várias marcas, como GSH, Dunlop e Planet Waves. Seu valor, porém, é meio salgado, se levado em conta o custo-benefício. Por volta de R$ 25,00.

Para os mais “econômicos”, uma boa opção é sempre passar uma flanela nas cordas - tanto por cima quanto por baixo - depois de tocar o instrumento. Esta ação contribui com a remoção da umidade das cordas, porém, o resultado não é tão satisfatório quanto o uso dos limpadores.

Outra alternativa é passar, a cada 15 dias, uma flanela com poucas gotas de óleo de máquina (tipo Singer).  Mas cuidado: esse recurso não deve ser adotado em cordas que recebem revestimento plástico, como as duráveis Elixir (apesar de custar cerca de duas vezes mais do que os jogos tradicionais, é quatro vezes mais resistente contra oxidação; portanto, uma ótima opção). Nestes casos, passe apenas uma flanela seca tanto na parte inferior quanto na superior das cordas.