terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ESCOLHA SUA PESTANA


Embora a maioria das pestanas dos instrumentos musicais de cordas seja produzida em plástico, há um amplo leque de materiais que podem garantir maior durabilidade, além de gerar um timbre diferenciado ao instrumento.

Bastante tradicional nos instrumentos industrializados (incluindo até as marcas mais famosas e respeitadas do planeta) a pestana de plástico é adotada pelo seu baixo custo, o que é muito bom para os fabricantes. Porém, para o músico esta está longe de ser a melhor opção.

Esse material é poroso, pouco denso e - em boa parte das vezes – oco. Sua sonoridade é fraca e sua durabilidade, baixa.

Por isso muitos luthiers se negam a confeccionar e instalar pestanas plásticas. No meio profissional o material favorito é o osso de boi, em especial, proveniente de sua canela, pelo fato de ser mais resistente e denso.

O osso, no entanto, não é o único material de boa qualidade utilizado na confecção de pestanas. O grafite garante menos atrito entre a pestana e as cordas, o que contribui com uma afinação mais precisa, principalmente para os músicos que gostam de técnicas como bends e alavancadas.

No mercado há, ainda, pestanas confeccionadas de materiais sintéticos, como o Tusq. Trata-se de um tipo de marfim artificial, impregnado de teflon. De acordo com a fabricante Graphtech, o material é 500% mais lubrificado que o grafite. 

Outros materiais bastante apreciados são o latão, o cobre e o bronze. Ideais para os músicos que curtem funk, essas pestanas deixam as guitarras com um brilho extra e os slaps dos baixos mais definidos.

Para os excêntricos e caprichosos que buscam por uma pestana com alto valor estético, uma boa pedida são as pestanas de madeira, chifre de boi e madrepérola. Mas atenção: cada uma delas possui características muito particulares.

As feitas em madeira proporcionam um timbre mais aveludado. Por isso são mais indicadas para guitarras semi-acústicas e baixos sem trastes. Vale ressaltar que não é qualquer madeira que serve para a confecção de pestanas. Seu corte também precisa ser perfeito para que a peça sustente a tensão das cordas sem se romper.

As de chifres de boi também garantem um som morno e aveludado. Sua vantagem é que, se bem trabalhado, permite que a corda deslize com mais facilidade, de forma similar ao do grafite.

Já as pestanas de madrepérola estão entre que possuem maior valor estético e agregam maior custo. Isso porque a dificuldade de encontrar uma peça única de madrepérola das dimensões adequadas á real. Além disso, moldar esse material é uma tarefa extremamente complexa. Porém, o resultado final é surpreendente.    
 (Procure sempre saber a escola e conhecer os trabalhos de seu luthier)

6 comentários:

  1. Prezado Mestre,

    Estou iniciando na lutheria, mais como hobby, contudo, ganhei umas madeiras bem boas e gostaria de
    guardar as mesmas sem empenar ou pegar umidade, ainda mais que aqui a umidade é alta. também queria proteger de cupim.
    Como posso armazená-las para que conserve-ás por mais tempo? as madeiras são pau ferro, abeto, cedro canadense, nogueira, bocote
    Pensei em colocar num baú com um desumidificador (daqueles q se compra em supermercado).
    aguardo a sugestao do mester e parabéns pelas obras-primas

    abraço

    Márley

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  2. Olá, Márley!
    Tudo certo?
    Não precisa chamar de mestre, não. Mestre é o Senhor Jesus Cristo!

    Guardar madeiras, como vc deve ter percebido não é algo tão simples!

    Para facilitar o entendimento, confira abaixo alguns pontos que considero importantes, com base nas questões que você apresentou:

    1. Caso as madeiras estejam cortadas em "ripas", amarre-as todas juntas e bem forte. Se você deixá-las soltas, a probabilidade de elas sofrerem deformações será maior. Neste caso, vc poderá estocá-las em seu baú, sem problemas.

    2.Caso as madeiras estejam cortadas como "pranchas", deixe-as encostadas na parede na vertical. Se possível amarre todas elas juntas e com bastante tensão.

    3.O desumidificador não removerá a umidade natural das peças. O melhor é que elas sequem naturalmente na sombra. Jamais deixe-as espostas ao Sol, na expectativa de que elas sequem mais rápido.

    4. Como o local onde vc reside é bastante úmido, assim como em Santos, aconselho que vc confira as madeiras a cada seis meses, para ter certeza de que elas não estão mofadas, principalmente as mais porosas, como o abeto, por exemplo.

    5. Deixe-as sempre à sombra. Nunca coloque as peças no sol. Caso as madeiras estejam com médio teor de umidade, o calor poderá torcer, empenar e deformar o material, à vezes de forma irreversível, principalmente as que possuem ondulações e nós.

    6. Faça, desde já, uma pré-seleção e, se houver possibilidades, corte os pontos de nós e ondulações para que as peças não sofram deformações.

    7. Após alguns anos, quando as madeiras estiverem bem secas e estáveis, antes de trabalhar, não esqueça de passar todas as faces das peças pela plaina.

    8. Contra cupim, movimente-as de tempos em tempos. Não deixe-as em locais com muita umidade.

    9. Caso alguma peça já apresente sinais da praga, separe-a imediatamente das demais. Aplique uma generosa quantidade de veneno e envolva a madeira com saco plástico de lixo (o preto mesmo), para resultar em um melhor efeito.

    10. Caso o abeto esteja com cupim ou broca, é melhor jogá-lo fora. Por ser uma madeira porosa, as pragas a devoram com uma super-velocidade. Por isso, quuando se descobre a praga nesta madeira, na maioria do casos já é tarde. E, às vezes, a partir desta madeira, podem atacar as outras também!


    Qualquer dúvida, é só perguntar.
    Meu e-mail é vgomes_luthier@hotmail.com
    Espero que tenha ajudado
    Abraço, obrigado pela confiança e até mais


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  3. Vgomes, muito obrigado pelas suas informações aqui no blog. Muito legal msm. Ñ sou luthier. Estava por aqui porque encomendei um baixo de luthier. abraçao.

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  4. Olá!
    Obrigado pela confiança!
    Espero que tenha sucesso com seu novo baixo. A função deste blog é justamente fazer com que os músicos leitores tenham um conhecimento mais amplo sobre instrumentos musicais. Assim, vocês poderão ser mais criteriosos na escolha do instrumento.
    Com certeza um instrumento feito por um bom luthier é um grande passo para qualquer músico!
    Abraço!

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  5. Oi Vitor, boa tarde tudo bem?

    Eu tenho um violão nylon com o tampo maciço em Spruce, fundo e laterais em Rosewood, escala e cavalete em Rosewood, braço em Nato e tarrachas Schaller premium douradas. Meu nut e rastilho são de plástico. Nesse meu violão daria muita diferença de timbre se eu trocasse dos dois para osso? Nesse caso o osso seria o mais recomendado?

    Muito obrigado e parabéns pela matéria.

    MARCUS VIUNÍCIUS

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  6. Existe alguma diferença entre o latão o cobre e bronze?

    Algum deles tem vantagens e desvantagens?

    Qual deles seria ideal para se usar em um baixo?

    Agradeço pela resposta e atenção fique na paz!

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