Engana-se quem pensa que manter os trastes sempre reluzentes é pura frescura. Trastes brilhantes não são apenas mera questão de estética e higiene. Quando limpos e conservados tornam-se sinônimos de melhor som e de maior facilidade na execução de técnicas como bend. No entanto, fica a pergunta: qual a melhor maneira de deixá-los sempre impecáveis, livre de zinabre e gordura?
Alguns “manuais” de lutheria aconselham o uso de esponja de aço para a manutenção das peças em questão. Porém, o uso deste material pode ser uma “faca de dois gumes”: ao mesmo tempo em que remove a sujeira, ele pode riscar e gastar os trastes, fazendo com que o instrumento “trasteje” ou perca sutilmente sustain, além da precisão da afinação. Portanto, o mais indicado é fazer o trabalho utilizando apenas algumas gotas de limpa metais, estopa e fita-crepe.
Abaixo, explicarei, passo a passo, a forma mais correta de limpar os trastes:
• Remova todas as cordas do instrumento.
• Com a fita-crepe, cubra todas as casas da escala de seu instrumento, deixando apenas os trastes expostos.
• Certifique-se de que a madeira da escala está bem protegida e isolada.
• Embeba (com algumas gotas) um chumaço de estopa no limpa metais.
• Esfregue o produto contra os trastes. Note que a estopa logo ficará escura. Este é o momento de substitui-la por outra limpa, para que o resultado do trabalho seja satisfatório.
• Passe uma estopa limpa e saca sob todos os trastes para remover o resquício de sujeira.
Dica importante: só faça a limpeza antes de regular seu instrumento, pois o ato de remover as cordas com certeza alterará, no mínimo, o ajuste do tensor, a curvatura do braço e a afinação das oitavas.
Espero que tenham gostado das dicas
Abraço e até mais
Procure sempre saber a escola e conhecer o trabalho de seu luthier
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
sábado, 20 de agosto de 2011
REGULAGEM DA MICRO-AFINAÇÃO
Dentre os diversos tipos de instrumentos de cordas, as guitarras com ponte flutuante (também conhecida como floyd rose) encabeçam a lista dos mais difíceis de serem regulados e mais fáceis de perderem a regulagem. Isso porque o sistema floyd rose requer uma precisão de tensão exata para dar afinação.
Portanto, o tensor, as molas, o calibre das cordas, a altura da ponte, a inclinação do braço e a regulagem da micro-afinação devem estar em perfeita harmonia, para que o instrumento tenha um desempenho no mínimo satisfatório.
Dois fatores, porém, contribuem para a que a guitarra perca sua precisão na afinação em curto espaço de tempo: quando a afinação é alterada com freqüência e quando a micro-afinação perde a regulagem.
Desta forma, as regras para conservá-las são evitar a mudança de afinação e saber mexer na micro-afinação. Por ser uma ação simples, é justamente o que ensinaremos nas linhas abaixo.
Portanto, o tensor, as molas, o calibre das cordas, a altura da ponte, a inclinação do braço e a regulagem da micro-afinação devem estar em perfeita harmonia, para que o instrumento tenha um desempenho no mínimo satisfatório.
Dois fatores, porém, contribuem para a que a guitarra perca sua precisão na afinação em curto espaço de tempo: quando a afinação é alterada com freqüência e quando a micro-afinação perde a regulagem.
Desta forma, as regras para conservá-las são evitar a mudança de afinação e saber mexer na micro-afinação. Por ser uma ação simples, é justamente o que ensinaremos nas linhas abaixo.
MÃOS À OBRA
Mas antes de por a mão na massa, você, músico, deve saber que a serventia do recurso em questão é apenas concluir o processo de afinação do instrumento, já que quando os parafusos dos travadores do capotraste (ou pestana) são apertados, as cordas ficam levemente desarmonizadas. Portanto, chega um momento que o parafuso (de tanto se girado) chega ao limite de sua rosca, e a micro-afinação perde sua função.
Para evitar o problema é fundamental deixar a micro-afinação em estado de uso. Por isso sempre cheque se os parafusos estão alinhados e centralizados. Caso estejam desregulados (foto acima), prepare-se para ajustá-los.
O primeiro passo é, por incrível que pareça, desparafusar os prendedores de cordas do capotraste, na oura extremidade do instrumento. Feito isto, gire a micro-afinação até que os parafusos fiquem totalmente alinhados (uns aos outros) e centralizados (foto acima).
Em seguida, afine o instrumento pelas tarraxas. Finalmente, trave as cordas pelo capotraste.
Está pronto! Simples assim... Sua micro-afinação está regulada e você ganhará um tempo a mais até que ela perca a regulagem.
Espero que tenham gostado da dica.
Até a próxima!
Procure sempre saber a escola e conhecer o trabalho de seu luthier
domingo, 24 de julho de 2011
ESCALA CLARA OU ESCURA, QUAL A MELHOR?
O que de fato conta, nesta questão, são as características físicas da escala. Quando feitas com madeiras macias, com os poros e veios mais abertos, favorecem os médios e graves. Já as madeiras duras e pesadas destacam os agudos.
Para elucidar a questão, vale lembrar uma aula que tive no curso de lutheria da universidade estadual de música Tom Jobim (ULM). Na ocasião, meu saudoso mestre Eduardo Ladessa fez uma comparação bastante interessante e esclarecedora sobre o assunto: “Imagine uma corda de aço com as extremidades presas em uma chapa de inox. Ao percuti-la, o som produzido será um tanto estridente. Já, se estiver presa em um pedaço de isopor, o som não terá tanto brilho. Aliás, será mais grave ...O mesmo efeito acontece com as madeiras, porém em menor proporção, claro”, explicou.
Assim, fica mais do que claro que madeiras de cores diferentes podem proporcionar as mesmas características sonoras, pois o que rege o timbre são as propriedades físicas da madeira - e não estéticas. Portanto espécies de cores parecidas podem produzir timbres distintos.
Vamos usar o seguinte exemplo para facilitar o entendimento: visualmente o maple e o pau-marfim são madeiras bastante parecidas. Entretanto, a primeira é leve e porosa, enquanto a segunda – como o próprio nome sugere – é dura e pesada (aliás, com densidade similar à do jacarandá, que, por sua vez, é uma espécie escura). Desta forma, apesar de serem similares, o maple e o pau-marfim proporcionam sonoridades diferentes.
Cuidados
Deixando a questão do timbre um pouco de lado, o músico deve estar bem ciente quanto aos cuidados específicos da cor de sua escala. Ao contrário das outras peças de um instrumento, esta é a única parte que não é envernizada, portanto necessita de atenção especial.
Escalas claras, obviamente, sujam em menos tempo de uso do que as escuras. É bom ressaltar que as madeiras mais porosas, se não estiverem envernizadas, acumularão mais sujeira e gordura do que as mais duras e de veios bem fechados.
Portanto, se tiver que escolher entre o maple e o pau-marfim (ambas claras), a dica é optar pela segunda, que é mais densa e com os veios mais fechados, desde que você não se importe em ser contemplado com um timbre levemente mais agudo e definido.
Porém, as escalas claras não são as únicas que necessitam de cuidados especiais. Madeiras de cores vibrantes, como o pau-brasil, muirapiranga, Sebastião de arruda e o roxinho, oxidam e escurecem dependendo da acidez do suor da mão do músico. Geralmente as regiões mais tocadas ficam acinzentadas com o tempo, mas nada que uma boa lixa fina não resolva a questão estética.
Abraço e até a próxima!
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